Título: Saem os presos da Hurricane, entram os da Navalha
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Fonte: O Globo, 21/05/2007, O País, p. 8

PF não tem espaço suficiente para abrigar todos os políticos, empresários e servidores acusados de corrupção.

BRASÍLIA. A carceragem da Polícia Federal em Brasília já não tem mais espaço para abrigar políticos e empresários acusados de corrupção. Na semana passada, a superintendente da PF em Brasília, Valquíria Souza Teixeira, teve que transferir 33 presos antigos para o presídio da Papuda e, a partir daí, abrir vagas para os 46 políticos, empresários e lobistas detidos pela Operação Navalha. Entre os novos presos está o do da empreiteira Gautama, Zuleido Veras.

A PF também teve que comprar 46 novos colchões para atender a demanda. Os outros colchões foram levados para a Papuda juntamente com os demais presos. No mês passado, a PF teve que fazer um remanejamento de presos. Um grupo de 27 detidos, que já estava na carceragem, foi levado para a Papuda, presídio administrado pelo governo local, para receber magistrados, bicheiros, policiais e advogados presos pela Operação Hurricane.

A carceragem da PF tem sete celas, cada uma com capacidade para sete pessoas. Numa das celas estão Maria de Fátima Palmeira e Tereza Freire Lima, funcionárias da Gautama. Os demais presos estão divididos em seis celas. Os presos dormem em beliches de cimento ou em colchões no chão. Os presos antigos foram transferidos para o Centro Penitenciário 2, um dos anexos da Papuda. A construção do prédio foi concluída recentemente e, segundo a polícia, ele sequer foi inaugurado oficialmente.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) começa a ouvir hoje os acusados de envolvimento no esquema de corrupção desbaratado pela Operação Navalha. Entre os acusados que o STJ deverá ouvir hoje está o ex-governador do Maranhão José Reinaldo Tavares, acusado de receber um carro Citröen do esquema comandado por Zuleido Veras. José Reinaldo foi preso semana passada na Operação Navalha e liberado ontem por habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. O advogado do ex-governador, José Antônio Almeida, esteve ontem na superintendência da Polícia Federal, onde todos os acusados estão presos.

Almeida disse que Tavares comprou o carro com recursos próprios e fez o depósito na conta da concessionária, cerca de R$110 mil, em dinheiro vivo.

- É que ele tinha o hábito de guardar dinheiro em casa. Tanto o dinheiro como o carro foram declarados no Imposto de Renda dele - disse o advogado.