Título: Tarso: não pode ser 'inquérito político'
Autor: Bruno, Cássio
Fonte: O Globo, 21/05/2007, O País, p. 9

Ministro diz que é preciso separar crimes de "maus costumes políticos".

BRASÍLIA. O ministro da Justiça, Tarso Genro, defendeu a investigação da Polícia Federal, mas alertou que é preciso não haver prejulgamentos. Tarso argumentou que há várias figuras políticas citadas, inclusive presas, mas que não se podem transformar as investigações num "inquérito político". Para o ministro, é preciso separar crimes e irregularidades de "maus costumes políticos". O ministro admitiu que está sendo procurado por vários partidos preocupados com as repercussões políticas das investigações. A orientação é para que a PF continue trabalhando com isenção e cuidado para evitar vazamento de informações.

- Estou acompanhando o processo nas linhas mais gerais, quanto à legalidade dos procedimentos. Uma coisa são hábitos políticos condenáveis, como liberação de emendas, relação de parlamentar com empreiteiro, que podem ser mau costume político. Outra coisa são crimes como manipulação de editais. Não pode ser um inquérito político, e sim um trabalho para apontar crimes e irregularidades. Não pode ser usado para colocar uma força política contra outra. Afinal, estão envolvidos os principais quadros políticos - disse Tarso.

Ao ser perguntado se o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, estava sendo citado no inquérito, Tarso Genro só disse que não tinha essa informação. Segundo Tarso, ele conversou com Silas Rondeau no momento em que o ministro decidiu afastar seu ex-assessor Ivo Almeida Costa, que está preso na PF pelo envolvimento no esquema operado pelo dono da Gautama, Zuleido Veras.

- O que posso dizer é que não há pré-constituição de culpa de nenhum ministro, deputado. O que há são indícios de várias pessoas - disse Tarso.

O ministro reiterou que informou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a Operação Navalha.

- Não nos preocupamos em saber quais eram os nomes, porque poderia parecer interferência - disse.

Mas, dentro do governo, há preocupação de que aliados sejam atingidos pelo caso. O Palácio do Planalto não gostou de ver citados nomes petistas como o senador Delcídio Amaral e o governador Jaques Wagner.