Título: STJ decidirá sobre dirigentes da PF
Autor: Vasconcellos, Fábio
Fonte: O Globo, 22/05/2007, O País, p. 10

Sob suspeita, diretor-executivo e superintendente da PF podem ser afastados

BRASÍLIA e SALVADOR. O diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, afirmou ontem que caberá ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) deliberar sobre as acusações que pesam contra o diretor-executivo da instituição, Zulmar Pimentel, e mais três delegados citados no relatório da Operação Navalha. Para Lacerda, como já existe uma investigação em curso oficiada pela ministra Eliana Calmon, do STJ, não seria necessário abrir sindicância interna na Corregedoria Geral da instituição para apurar o caso. Zulmar é o segundo na hierarquia e, até o final do ano passado, era um dos dois nomes cotados para substituir Lacerda, caso o delegado deixasse o comando da PF este ano.

Zulmar é acusado de vazar informações sigilosas para João Batista Paiva Santana, ex-superintendente da PF no Ceará, e com isso inviabilizar uma investigação sobre o envolvimento do delegado e de mais três colegas com um esquema de corrupção de vários empresários, entre eles Zuleido Veras, dono da empreiteira Gautama. "No dia 23/02/06, na cidade de Fortaleza, o diretor-executivo Zulmar Pimentel informou ao então superintendente regional do Ceará, delegado João Batista, acerca da existência de investigação contra o mesmo, inviabilizando, assim, o prosseguimento desta", diz o relatório da Divisão de Contra-Inteligência da PF.

O relatório serviu de base para que a ministra Eliana Calmon decretasse a prisão de 48 políticos, empresários e lobistas supostamente envolvidos com um esquema de desvio de verbas públicas e pagamento de propina que seria chefiado por Zuleido Veras. O documento informa ainda que estavam sendo investigados ainda o atual secretário de Segurança Pública na Bahia, Paulo Bezerra, o superintendente da PF no estado, César Nunes, e o ex-superintendente da instituição em Sergipe Rubens Patury. Eles estavam sendo investigados pela Operação Octopus, origem da Operação Navalha.

O Sindicato dos Policiais Federais na Bahia vai pedir ao Ministério Público Federal o afastamento imediato de Nunes e de todos os envolvidos.

- Como o nome já diz, é preciso cortar na própria carne, afastando essas pessoas até o esclarecimento de todos os fatos - disse o presidente do sindicato, João Carlos Sobral.