Título: Deputado voltará a ser investigado por caso dos dólares em cueca
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 22/05/2007, O País, p. 11

Justiça revoga liminar e José Nobre responderá a ação por improbidade.

FORTALEZA. O deputado federal José Nobre Guimarães (PT-CE), irmão do também deputado e ex-presidente do PT José Genoino, voltará a ser investigado na ação de improbidade administrativa por suposto envolvimento com o desvio de recursos públicos. O escândalo veio à tona em julho de 2005, quando seu então assessor parlamentar na Assembléia Legislativa, José Adalberto Vieira da Silva, foi preso no aeroporto de São Paulo com R$209 mil numa mala e US$100 mil na cueca.

O processo, que tramita na 10ª Vara da Justiça Federal no Ceará, estava paralisado desde maio do ano passado por efeito de uma liminar concedida pelo desembargador Napoleão Nunes Maia Filho, do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5). Na liminar, a defesa pedia a suspensão do processo, o desbloqueio dos bens de Guimarães e a suspensão da quebra do seu sigilo bancário.

Para MP federal, dinheiro seria de propina

Na semana passada, o TRF-5 revogou a liminar. Apesar de ter sido eleito deputado federal, o caso continuará tramitando na Justiça Federal no Ceará. A ação de improbidade foi interposta pelo Ministério Público Federal, que concluiu que o dinheiro transportado era propina pelo fechamento de um contrato de R$300 milhões entre o Banco do Nordeste e o consórcio Sistema de Transmissão do Nordeste.

Guimarães teve o nome incluído na ação pelas relações políticas e pessoais que mantinha com alguns dos principais envolvidos. São réus no mesmo processo cinco diretores do Banco do Nordeste do Brasil, inclusive o presidente Roberto Smith, que é do PT e amigo de Guimarães, e o advogado Kennedy Moura Ramos, ex-chefe de gabinete e assessor especial da presidência do banco. Para o MP Federal, José Guimarães e José Adalberto seriam os beneficiários e teriam se associado a Kennedy Moura no ato ilícito. Kennedy teria agido como lobista e também se beneficiaria do dinheiro.

O advogado do deputado José Guimarães, Hélio Leitão, disse que não conhece o teor e as razões que fundamentaram a decisão do tribunal. Afirmou que vai aguardar a notificação para decidir as providências jurídicas que serão tomadas.