Título: Petrobras admite recebimento em gás
Autor: Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 22/05/2007, Economia, p. 21

Proposta por refinarias na Bolívia deve ser analisada, diz Gabrielli

SÃO PAULO e RIO. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, admitiu ontem que a estatal prefere dinheiro, mas poderá aceitar parte do pagamento de US$112 milhões pelas duas refinarias estatizadas na Bolívia em gás natural. Como ainda não há uma proposta oficial do governo boliviano, Gabrielli não arriscou especificar em que condições se daria o pagamento.

- Nós esperamos que a Bolívia pague em dinheiro, provavelmente em duas parcelas. Agora, se eles quiserem pagar em gás, temos que analisar as condições desse pagamento em produto. Gás natural, para nós, é dinheiro - disse Gabrielli, logo após participar de seminário sobre gás na América Latina.

Sobre a possibilidade de a Petrobras voltar a investir na Bolívia, Gabrielli afirmou que, por enquanto, o compromisso é de aplicar US$200 milhões nos próximos 30 anos para manter a produção de 17 milhões de metros cúbicos/dia, que são operados pelas refinarias estatizadas.

Os atritos entre Brasil e Bolívia estão longe de terminar. A termelétrica de Cuiabá só aceitará pagar o aumento do preço do gás natural importado da Bolívia - que foi acertado em fevereiro - se as autoridades do país garantirem o fornecimento do produto nos volumes previstos nos contratos em vigor. A informação foi dada ontem pelo presidente da usina, Carlos Baldi, ao explicar que os representantes da YPFB, estatal boliviana, querem reduzir o volume fornecido, que está em 2,2 milhões de metros cúbicos por dia e é necessário para o pleno funcionamento da usina 480 megawatts (MW) de capacidade.

- Não aceitaremos qualquer reajuste de preços se não tivermos a garantia do suprimento do gás - afirmou Baldi.

A usina de Cuiabá é uma empresa privada (fruto de parceria entre Shell e Ashmore). Em fevereiro, ficou acertado o aumento de preços de US$1,20 por milhão de BTUs (medida térmica do gás) para US$4,22.