Título: Navalha: metade dos presos já está liberada
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 23/05/2007, O País, p. 4

DINHEIRO PÚBLICO NO RALO: mais 11 soltos.

Deputado, prefeito e empresário conseguiram habeas corpus ontem.

BRASÍLIA. Pelo menos metade dos 48 suspeitos de integrar o esquema de fraudes em licitações públicas, presos quinta-feira na Operação Navalha, já foi posta em liberdade. Ontem, a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon, relatora do inquérito, colheu pelo segundo dia depoimentos dos investigados. Até as 21h, ela tinha ouvido as versões de nove deles, dos quais oito foram libertados em seguida. Também ontem, o presidente interino do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, concedeu habeas corpus a três alvos da operação: o deputado distrital Pedro Passos (DF); o prefeito de Camaçari (BA), Luiz Carlos Caetano, e o empresário José Edson Vasconcelos Fontenelle.

Foram soltos por Eliana Calmon o secretário de Infra-Estrutura de Alagoas, Adeilson Teixeira; o subsecretário de Infra-estrutura de Alagoas, Denisson de Luna Tenório; o representante do governo de Alagoas em Brasília, Enéas de Alencastro Neto; o diretor de Obras da Secretaria de Infra-Estrutura de Alagoas, José Vieira Crispim; o diretor do Departamento de Trânsito (Detran) de Alagoas e ex-secretário de Infra-Estrutura do estado, Márcio Fidelson Menezes; o servidor da Secretaria de Infra-Estrutura do Maranhão José de Ribamar Ribeiro Hortegal, e o servidor do Ministério de Minas e Energia Ivo Almeida Costa.

O primeiro a prestar depoimento ontem foi o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Roberto Figueiredo Guimarães, que só não ganhou o benefício porque já tinha conseguido habeas corpus no STF. Outros cinco suspeitos de integrar o esquema de fraudes também seriam ouvidos pela relatora do inquérito ainda ontem. Além de Fontenelle e Luiz Carlos Caetano, a lista contava com Sérgio Luiz Pompeu Sá, servidor do Ministério de Minas e Energia; Jorge Targa Juni, servidor da secretaria de Infra-Estrutura do Maranhão, e Edílio Pereira Neto, assessor da Secretaria de Obras de Camaçari.

A TV Globo divulgou ontem um diálogo com novos indícios contra Passos. Em uma gravação feita pela Polícia Federal, o deputado pede ajuda a seu colega Benício Tavares momentos antes de ser preso.

"Olha aqui, tô precisando de um imenso favor seu. Fui surpreendido agora de manhã. E é uma investigação a respeito de uma obra na Secretaria de Agricultura. Investigam essa empresa por contratos no país todo aí e especificamente relacionada a mim porque eu teria feito uma emenda no, no Orçamento, enfim... E, além da busca e apreensão, decretam a minha prisão. Aí eu queria que você articulasse aí pra ver se a gente relaxa isso aí" diz Passos.