Título: Tucanos aderem a pedido de CPI da Navalha
Autor: Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 23/05/2007, O País, p. 5

Líderes defendem Teotônio Vilela e acusam governo.

BRASÍLIA. Com um de seus governadores, o alagoano Teotônio Vilela, no olho do furacão da Operação Navalha da Polícia Federal, o PSDB adotou a tática de que o ataque é a melhor defesa e defendeu ontem uma CPI mista no Congresso para investigar o esquema de fraudes em licitações públicas. Mas a maioria dos partidos ainda resiste em criar mais uma CPI.

Os tucanos defenderam Teotônio e acusaram o governo federal de usar emendas ao Orçamento como moeda de troca no Congresso. O requerimento, patrocinado inicialmente por PPS e PSOL, ganhou apoio do PSDB e até ontem à noite já contava com 90 assinaturas de deputados e cinco de senadores - são necessárias 171 assinaturas de deputados e de 27 senadores.

- É uma questão de coerência - justificou o líder Arthur Virgílio (PSDB).

PSDB quer aprovar orçamento impositivo

Além do governador de Alagoas, outro tucano, o prefeito de Sinop (MS), Nilson Leitão, foi preso quinta-feira sob acusação de participar do esquema de fraude de licitações. O PSDB, no entanto, pretende tratar a operação como "mais uma crise do Executivo, com reflexos no Legislativo". Os tucanos pregam a aprovação, na Câmara, da proposta de emenda constitucional (PEC) de autoria do senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), já aprovada pelo Senado, que torna impositiva a execução do Orçamento da União aprovado pelo Legislativo.

- Mais do que defendermos a instalação de uma nova CPI, o PSDB está convencido de que, sem um orçamento impositivo, crises como essas se repetirão a cada ano. O Orçamento da União é o grande corruptor das instituições, já que o governo federal o utiliza como moeda de troca. A liberação de recursos virou um mercado da corrupção e motivo de barganha por todo Congresso Nacional - acusou Tasso Jereissati.

Embora tenha avançado a idéia da CPI, a maioria dos parlamentares vive um dilema: estão divididos entre o receio de que o apoio a uma CPI da Navalha provoque estrago tão grande quanto a CPI do Mensalão e o medo de que o não apoio possa significar uma confissão de culpa. A cautela maior é do PMDB do ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, demitido ontem. O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), diz que é muito cedo para falar em CPI:

- É preciso aguardar uma manifestação mais clara da Polícia Federal sobre as investigações. É preciso muita cautela. Vamos esperar.

No DEM, que tem o deputado Paulo Magalhães (BA) acusado de pertencer ao esquema, o líder na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS), e o vice-líder, Ronaldo Caiado (GO), assinaram o requerimento e liberaram a bancada.