Título: R$3 milhões por pontes que não serão concluídas
Autor: Cravalho, Jaílton de
Fonte: O Globo, 23/05/2007, O País, p. 10

Governo do Maranhão paga por obras com projetos preliminares sem possibilidade de ser completadas.

SÃO LUÍS. O governo do Maranhão pagou à Gautama R$3,4 milhões por obras em duas pontes que não poderão ser concluídas. Esses serviços integram um contrato no valor de R$143,2 milhões, vencido pela empreiteira em março de 2004 para a construção de 119 pontes. Uma delas, sobre o Rio Munim, foi orçada inicialmente em R$5,9 milhões. Até agora, o governo do estado pagou R$2,5 milhões, ou 42,6% do total. A outra obra é sobre o Rio Pericumã, estimada em R$13,5 milhões, dos quais R$955 mil já foram desembolsados - ou 7%.

O secretário-adjunto de Infra-Estrutura do governo do Maranhão, João de Luna, explicou que as pontes não poderão ser concluídas por problemas técnicos. A licitação para as 119 pontes baseou-se apenas em projetos básicos, e não executivos, que são bem mais detalhados. Por isso, quando a empresa começou a fazer as pontes descobriu que, no caso da obra sobre o Rio Munim, precisaria elevá-la em mais sete metros. Isso porque barcos passam naquele local. O projeto inicial, se fosse seguido, não permitiria a navegação. Seriam necessários então mais R$7 milhões, o que elevaria o custo para R$13 milhões.

Em relação à ponte do Pericumã verificou-se que no local a maré sobe seis metros duas vezes por dia. Da forma como foi projetada, a ponte seria praticamente engolida pela água. Além disso, ela precisaria ser alongada dos 412 metros iniciais para mais de 500 metros, e as fundações deveriam ser de concreto. Os custos saltariam de R$13,5 milhões para cerca de R$40 milhões.

Quatro pontes ligam o nada a lugar algum

O secretário-adjunto de Infra-Estrutura afirmou que o estado resolveu retirar as duas pontes do contrato com a Gautama, embora R$3,4 milhões já tivessem sido pagos para as instalações, acessos e tubulações.

Das 119 pontes previstas, sete seriam erguidas na BR-402, no trecho entre Barreirinhas e Parnaíba. Dessas sete, o governo fez quatro que ligam nada a lugar nenhum, já que não há estrada. Por elas, já foram pagos R$10,7 milhões.

A Polícia Federal divulgou fotos dos R$730 mil apreendidos semana passada na casa de José Ribamar Ribeira, fiscal da Secretaria de Infra-Estrutura do Maranhão e um dos presos da Operação Navalha.