Título: Sindicalista admite erro de controladores
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 23/05/2007, O País, p. 11

Botelho, no entanto, atribui eventual falha à falta de condições de trabalho e baixos salários.

BRASÍLIA. Ao depor ontem na CPI do Apagão Aéreo da Câmara, o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo, Jorge Botelho, admitiu que pode ter havido erro dos controladores de vôo no acidente com o avião da Gol, que matou 154 pessoas em setembro do ano passado. No entanto, ele atribuiu essa eventual falha à falta de condições de trabalho:

- Pode ter havido erro de controladores, mas não me passa pela cabeça querer punir controladores e tirar de foco as autoridades que não ofereceram melhores condições de trabalho e propiciaram esses erro.

O presidente da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo (ABCTA), Wellington Rodrigues, que representa os controladores militares e que também depôs, confirmou a informação do deputado Vic Pires (DEM-PA) de que Boeing e Airbus quase se chocaram há alguns dias perto de Brasília.

Pires disse que obteve a informação de fontes da Aeronáutica. Segundo ele, a quase colisão teria ocorrido há 12 dias e que outro episódio semelhante teria ocorrido próximo a Curitiba.

- Em relação ao de Brasília, eu confirmo. A informação que tive é que passaram muito próximos - disse Rodrigues.

A Aeronáutica informou ontem que o Cindacta 1 não tem registro de qualquer caso de quase colisão nos últimos 15 dias. Foi feita checagem entre os dias 9 e 15 de maio. Segundo a Aeronáutica, de janeiro a abril deste ano, há oito registros de possíveis incidentes aéreos, reportados por controladores de vôo. Todos foram avaliados pela área responsável dentro do Cindacta 1 - que checa as imagens de radar e as comunicações -, e em qualquer dos oito casos foi configurado incidente real.

Na audiência, Botelho reclamou do salário dos controladores, o que os obriga a fazer "bicos", com prejuízo para seu rendimento. Segundo Botelho, há casos de controladores que dirigem táxis e ônibus. Ele disse que a remuneração máxima dos controladores civis é R$3.200 e dos militares, de R$4.800.