Título: Greve da PF causa transtornos em aeroportos
Autor: Freire, Flávio e Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 23/05/2007, O País, p. 12

Protesto por cumprimento de acordo salarial provoca longas filas também nos serviços de emissão de passaportes.

SÃO PAULO. Policiais federais de todo o país cruzaram os braços ontem e só retornam ao trabalho sexta-feira. Em represália ao governo, por não cumprir acordo assinado ano passado para pagamento da segunda parcela do reajuste, de 30%, a PF suspendeu por 72 horas o serviço de emissão de passaporte, procedimentos para novas investigações e adotou operação-padrão nos principais portos e aeroportos, provocando filas de mais de mil pessoas no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, por exemplo.

A greve atinge os 12 mil agentes federais no país. Continuam funcionando plantões, escolta de presos e segurança nas unidades de custódia federal.

- Está mais do que na hora de o governo cumprir o acordo firmado - disse ontem o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Marcos Vinicius Wink.

Em 2006, ficou acertado que o reajuste salarial da categoria, de 60%, seria pago em duas parcelas. A primeira foi depositada no fim do ano, mas a negociação para o valor restante se arrasta numa negociação com o Ministério do Planejamento.

No Rio, a greve provocou tumulto no setor de emissão de passaportes, na superintendência do órgão, na Praça Mauá. A paralisação revoltou quem já estava na fila desde as 3h30m. Por volta das 8h30m, policiais avisaram que não haveria a distribuição de senhas. Apenas passaportes para casos de emergência estavam sendo emitidos. A operação no Aeroporto Internacional Tom Jobim fez com que a fila de passageiros se estendesse pelo saguão no final da tarde e início da noite. A vistoria de documentação e bagagem de passageiros atrasou os embarques internacionais.

No Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, a operação começou cedo. Os policiais passaram a entrevistar todos os passageiros que saíam ou chegavam. Sem greve, esse trabalho é feito por amostragem, com uma entrevista a cada dez ou 15 passageiros. A entrevista que dura, em média, dois minutos, chegava a demorar até 20 minutos.

A fila se estendeu por quase dois quilômetros nos terminais. Agentes federais usavam camiseta preta com a frase: "PF traída pelo Lula". Por conta da greve, dos 62 vôos internacionais previstos para ontem, seis estavam com uma hora de atraso.