Título: Risco-país atinge nível recorde de 139 pontos
Autor: Eloy, Patricia
Fonte: O Globo, 23/05/2007, Economia, p. 25

Indicador acumula queda de 94% desde máxima histórica, em 2002, durante especulação com as eleições.

RIO, BRASÍLIA e SÃO PAULO. O risco-Brasil, termômetro da confiança dos investidores estrangeiros no país, atingiu ontem seu menor patamar histórico: 139 pontos centesimais, em queda de 2,8%. Desde que começou a ser calculado pelo banco JP Morgan, em 1994, o indicador acumula perdas de 87,58% e, desde a máxima histórica (2.436 pontos), atingida em meio às especulações em torno das eleições presidenciais de 2002, o recuo é de 94,29%.

Segundo Frederico Azzi, chefe da área internacional da corretora López León, a queda do risco - que mostra a diferença paga entre os papéis brasileiros negociados no exterior e títulos do Tesouro americano de mesmo vencimento, hoje de 1,39% - reflete a alta recente nas taxas pagas pelos títulos do Tesouro dos EUA. O juro pago sobe quando a procura pelos papéis cai. Os investidores estão em dúvida sobre o ritmo de crescimento da economia americana e sobre a trajetória dos juros no país.

Nos demais mercados, o dia foi de correção nos preços dos ativos. O dólar subiu 0,21%, para R$1,944 e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuou 0,41%. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) lança amanhã o Portal do Investidor, um site com informações sobre o mercado de capitais. No endereço, o aplicador poderá comparar, por exemplo, as taxas de administração dos cerca de seis mil fundos brasileiros.

S&P: Brasil pode ser grau de investimento em 2008

A diretora de Ratings Soberanos na América Latina da Standard & Poor"s, Lisa Schineller, disse ontem que mudanças nas regras de endividamento dos estados acenderiam uma luz amarela para os analistas, sinalizando que uma alteração pode acabar prejudicando a chegada do Brasil ao grau de investimento - nota dada a países nos quais as agências de classificação de risco recomendam investir. Mesmo assim, ela afirmou que o Brasil tem 50% de chance de entrar para o clube de nações contempladas com este patamar já em 2008. A S&P aumentou a nota brasileira na semana passada, e o país está agora a um passo do grau de investimento.

Maior banco privado do país, o Bradesco superou pela primeira vez os R$100 bilhões em valor de mercado (soma dos valores das ações ordinárias e preferenciais negociadas em bolsa), segundo estudo divulgado ontem pela consultoria Economática. O resultado, R$100,368 bilhões, foi alcançado na segunda-feira. No Brasil, só a Petrobras e a Vale do Rio Doce têm volume superior - de R$221,014 bilhões e R$198,349 bilhões, respectivamente.

COLABORARAM: Aguinaldo Novo, Martha Beck e Ana Cecília Santos