Título: Sarney foi decisivo para a saída de Silas do ministério
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 24/05/2007, O País, p. 3

Senador conduziu pessoalmente a negociação para a demissão e também a escolha do substituto

BRASÍLIA. Ex-presidente da República, ex-presidente do Senado, ex-governador do Maranhão e hoje um dos senadores que mais exercem influência sobre o presidente Lula, o peemedebista José Sarney, mesmo fragilizado, exerceu claramente seu poder no governo. Não foi Lula nem o próprio Silas Rondeau quem decidiu sobre a troca de comando no Ministério de Minas e Energia. A decisão foi tomada por Sarney, padrinho político de Silas, na sexta-feira, menos de 24 horas depois de deflagrada a Operação Navalha.

Preocupado com o desgaste de seu grupo político, Sarney chegou à conclusão de que o ministro deveria se afastar do cargo o mais rapidamente possível. A acusação de que um assessor de Silas teria recebido R$100 mil de Zuleido Veras não daria sossego ao ministro nem ao próprio Sarney. Para conduzir pessoalmente a negociação, Sarney cancelou viagem que faria ao exterior a partir daquela sexta-feira. Conversou com Silas e este avisou ao presidente, que preferiu, no entanto, que o ministro o acompanhasse na viagem do fim de semana ao Paraguai. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que havia dado seu aval à indicação de Sarney para o Ministério de Minas e Energia, chegou a defender a permanência do ministro no cargo. Mas a recomendação de Sarney se sobrepôs.

No domingo à noite, Silas convenceu-se definitivamente de que o amigo Sarney tinha razão. Nesse momento foi descartada a hipótese de uma licença, alternativa que chegou a ser cogitada no sábado.

Da mesma forma que decidiu que Silas sairia do governo, Sarney também foi decisivo na escolha do novo ministro - isso depois, claro, de Lula decidir que a indicação continuaria sendo do PMDB do Senado.

- A melhor solução foi a saída do Silas Rondeau do governo. Caso contrário, ele iria virar o foco do noticiário - disse a líder do governo no Congresso, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA). - A avaliação política era de que não havia mais condições de permanência do ministro no governo. Ele saiu definitivamente - disse Sarney, nas poucas palavras públicas sobre o assunto desde a última quarta-feira.