Título: Lista de mimos tem até nomes de Renan e Geddel
Autor: Carvalho, Jaílton de e Peña, Bernardo de la
Fonte: O Globo, 24/05/2007, O País, p. 8

Divulgação, pela Polícia Federal, dos que teriam recebido presentes da Gautama irrita parlamentares.

BRASÍLIA. Na lista de mimos apreendida num escritório da Gautama, empresa de Zuleido Veras, constam os nomes de ministros, governadores, senadores, deputados e servidores públicos federais e estaduais. Na relação estão o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), os senadores Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA) e Joaquim Roriz (PMDB-DF), e até o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima. Também estão incluídos na lista os deputados Paulo Magalhães (DEM-BA) e Tadeu Fillipeli (PMDB-DF), entre outros.

A divulgação de alguns nomes da lista não provocou o terremoto político temido pelo governo, mas irritou alguns políticos que se viram associados a Zuleido, empresário acusado de fraudar licitações e desviar verbas públicas. A chamada lista de mimos do empreiteiro irritou especialmente o ministro Geddel Vieira Lima.

- Mimo é o c. Isso é uma escrotidão. Não tenho relação com esse cara. Não cumprimento esse cara. Aliás, ele está onde deve estar, que é na cadeia - afirmou Geddel.

O senador Antônio Carlos Magalhães disse, por meio da assessoria, que possivelmente recebeu gravatas de Zuleido. O senador contou que é um colecionador de gravatas e que não vê nada demais em receber esse tipo de presente. Renan Calheiros afirmou que não saberia dizer se recebeu ou não algum presente de Zuleido. Segundo a assessoria do senador, quase todos os dias chegam presentes no gabinete da Presidência do Senado. Os funcionários da Casa agradecem a gentileza e enviam os mimos para a residência oficial de Renan.

A PF enviou a lista ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, mas vê pouca importância na relação. Para os policiais, trata-se apenas de uma lista de brindes que a empresa ofereceu a algumas pessoas no Natal do ano passado. Os investigadores entendem que, para se chegar a qualquer conclusão mais consistente, a PF teria que conferir as obras da Gautama e analisar emendas e eventuais gestões para liberação de recursos à empresa de Zuleido.

Na relação divulgada pela PF consta ainda o nome de Gilmar Mendes, que seria o ex-secretário de Infra-Estrutura de Sergipe Gilmar Melo Mendes, cujo nome foi citado nas escutas telefônicas da Operação Navalha. Para mostrar que trata-se de Gilmar Melo Mendes, o ministro do STF Gilmar Mendes autorizou a divulgação de trechos do inquérito que está sob segredo de Justiça e reagiu duramente à PF. O ministro acusou o órgão de tentar intimidá-lo, divulgando informações incompletas. O ministro disse que é um "método fascista". Ele afirmou ter ligado para o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, a fim de protestar:

- Se esse tipo de prática parte da PF, é uma renomada canalhice. É um terrorismo policial se instalando.