Título: CPI da Navalha ganha adesões no Congresso
Autor: Carvalho, Jaílton de e Peña, Bernardo de la
Fonte: O Globo, 24/05/2007, O País, p. 8

Pedido no Senado já tem apoio necessário, inclusive de Renan; na Câmara, faltam 30 assinaturas.

BRASÍLIA.Contrariando a resistência inicial dos partidos, a CPI da Navalha ganhou fôlego ontem com a confirmação da assinatura de pelo menos 27 senadores - número mínimo necessário - no requerimento que propõe a criação da comissão. Na Câmara, já foram colhidas 141 e até amanhã pode ser obtido o número mínimo necessário de assinaturas: 171. O número foi alcançado no Senado até com a assinatura do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).

- Se for necessário constituir uma Comissão Parlamentar de Inquérito para que tudo fique absolutamente esclarecido, descerei da isenção que devo ter para assinar, em primeiro lugar, a instalação dessa CPI - disse Renan, citado em conversas por pessoas ligadas ao esquema de fraudes em licitações.

Na Câmara, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) informou que já haviam conseguido 141 assinaturas. No Senado, além de Renan Calheiros, assinaram o requerimento os senadores Delcídio Amaral (PT-MS) - beneficiário, involuntário, segundo ele, de um mimo do empreiteiro Zuleido Veras, chefe do esquema - e Joaquim Roriz (PMDB-DF).

Preocupados com o desgaste dos deputados, o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e os líderes partidários anunciaram a criação de um movimento parlamentar contra a corrupção. Mas, segundo Chinaglia, a criação da CPI da Operação Navalha não foi discutida. Nas mais de três horas de reunião, os líderes fizeram desabafos e reconheceram que brechas nos sistemas político e orçamentário facilitam a corrupção. Mais de 30 sugestões foram analisadas, mas só serão anunciadas posteriormente.

Chinaglia garantiu que a Casa não irá acobertar deputados que estejam envolvidos em denúncias de corrupção:

- Ninguém suporta mais esse processo recorrente de corrupção continuada. A Câmara sozinha não tem força, mas vamos tentar mobilizar a sociedade. E a Câmara não se furtará a tomar medidas internas. Se algum deputado estiver envolvido com corrupção, quem vai responder é ele. Não haverá nenhuma complacência.