Título: Greve da PF causa enormes filas em aeroportos
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 24/05/2007, O País, p. 11

Policiais já ameaçam fazer uma nova paralisação.

SÃO PAULO. A greve dos cerca de 12 mil policiais federais em todo o país termina hoje à noite, mas uma nova paralisação pode ser marcada em assembléia, na semana que vem, caso o governo não aceite a proposta que será reapresentada pela categoria. Numa reunião com o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, os grevistas vão anunciar hoje que, se a parcela de 30% referente ao acordo salarial assinado com o governo não for paga da forma como eles querem (primeira parcela mês que vem e a segunda em junho de 2008), os agentes poderão parar, por tempo indeterminado, a partir da primeira quinzena do próximo mês.

- Não descarto greve por tempo indeterminado caso o governo federal mantenha a proposta de dividir o dinheiro que nos deve em parcelas para junho de 2008 e junho de 2009 - disse o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Marcos Wink.

O discurso em tom de ameaça é uma resposta ao que o ele chama de descaso do governo em relação aos policiais:

- O acordo foi proposto, elaborado, escrito e assinado pelos ministros Márcio Thomaz Bastos (então na Justiça) e Paulo Bernardo (Planejamento).

Com a paralisação, a situação nas superintendências da PF de vários estados voltou a ser marcada ontem pelo caos. Longas filas, principalmente entre pessoas que tentavam tirar o passaporte, se formaram em várias cidades. Em São Paulo, o comando de greve apenas permitiu a entrada no prédio de quem apresentava passagem marcada para entre ontem e hoje ou em situação de emergência.

Operação-padrão causa filas em aeroportos do Rio e SP

No Aeroporto Internacional de São Paulo, os policiais federais retomaram à tarde a operação-padrão iniciada anteontem. Filas com até 400 pessoas se formavam nos saguões dos dois terminais no final da tarde de ontem. Os policiais estão entrevistando todos os passageiros que deixam o país, e não mais por amostragem, com entrevistas a cada 10 ou 15 pessoas. A inspeção de documentos e bagagens, que em média dura entre dois e três minutos, chegou a levar até dez minutos ontem.

No Rio, quem não conseguiu retirar o documento no primeiro dia da greve, terça-feira, voltou ontem para a fila. Mas, apenas quem tinha viagem marcada ou precisava deixar o país emergencialmente pôde entrar no prédio. No Aeroporto Internacional Tom Jobim, a operação-padrão começou às 17h, e as filas se formaram com centenas de pessoas no início da noite.

No Distrito Federal, a PF manteve o serviço funcionando já que, por lá, a retirada de passaporte é agendada com dois meses de antecedência.