Título: USP: professores aderem à greve e agravam crise
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 24/05/2007, O País, p. 15

"A polícia está empenhada para que haja uma solução pacífica", diz Serra, sobre ordem de desocupação.

SÃO PAULO. Os professores da Universidade de São Paulo (USP) decidiram entrar em greve ontem, engrossando o protesto de alunos e funcionários que invadiram o prédio da reitoria há 20 dias e desobedecem a ordem judicial para deixar as instalações. Em protesto contra decisão do governador José Serra de dar mais transparência aos gastos da universidade, alunos e funcionários pararam diversas unidades. A reitoria continua ocupada por centenas de alunos, apesar da ameaça de desocupação pela Tropa de Choque da Polícia Militar, como determinou a Justiça.

- A polícia está empenhada para que haja uma solução pacífica. Não se trata de confronto entre facções inimigas nem nada. Trata-se da universidade - disse Serra ontem, no Rio.

O comandante da Tropa de Choque, coronel Joviano Lima, tem tentado negociar com os estudantes e a reitora, Suely Vilela. Anteontem, convocou os alunos para uma reunião, mas compareceu apenas um representante jurídico dos estudantes. No mesmo dia, o coronel reuniu-se com a reitora. Na saída, disse ter informação de que os manifestantes estavam armados com gasolina para reagir, caso os policiais entrassem em ação. Ainda assim, acenou com a possibilidade de nova negociação com os estudantes para evitar o confronto. Os alunos não querem negociar, mas negam que estejam se armando para o confronto.

Assembléia reuniu 300 dos 5.250 professores

Sob uma chuva insistente, a assembléia que decidiu pela greve dos professores ontem reuniu 300 pessoas. A universidade conta com 5.250 professores. Embora o número em termos percentuais seja pequeno, para a professora da Departamento de Educação Rosangela Prieto a assembléia foi significativa, já que muitos docentes representavam seus institutos e departamentos.

- Entre os motivos da greve estão a garantia da autonomia universitária, mais verbas para as universidades do estado e melhorias das condições e o apoio aos estudantes. Nós rechaçamos também a violência contra eles - disse Rosângela, referindo-se à possibilidade de chegada da Tropa de Choque ao campus.

Na Unicamp, os professores também entraram em greve e, na Unesp, houve paralisação parcial, mas a greve não foi decidida.