Título: Risco-Brasil encosta em 135 pontos, mas termina o dia com leve alta
Autor: Eloy, Patricia
Fonte: O Globo, 24/05/2007, Economia, p. 24

Expectativa com dados dos EUA leva a correções nos preços dos ativos.

O mercado brasileiro enfrentou ontem um dia de fortes correções, após indicadores como risco-Brasil e dólar encostarem em novos recordes. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acompanhou a tendência externa: subiu mais de 0,50% durante o dia, voltou a ficar acima dos 52 mil pontos, mas acabou encerrando o pregão em queda de 0,76%, aos 51.812 pontos. O dólar, que de manhã chegou a ser negociado a R$1,938 pela primeira vez desde que ficou abaixo de R$2, na semana passada, fechou em alta de 0,41%, cotado a R$1,952. Já o risco-país, que marcou, na mínima, 135 pontos centesimais, acabou subindo 0,72%, para 140 pontos.

O movimento acompanhou o desempenho das Bolsas americanas - durante o pregão, o índice Dow Jones chegou a registrar, pela primeira vez na História, 13.600 pontos e o S&P 500 futuro atingiu nível recorde na Bolsa Mercantil de Chicago. A expectativa em torno de indicadores da economia americana que serão divulgados hoje - pedidos de auxílio-desemprego, vendas de casas novas e encomendas de bens duráveis - colocou os investidores na defensiva. O mercado aguarda, nos dados, pistas sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Declarações do ex-presidente do Fed, Alan Greenspan, colocaram uma pá de cal sobre a recuperação do mercado, no fim do dia. Para ele, o atual nível do mercado acionário chinês - que tem registrado seguidos recordes - é "claramente insustentável" e é esperada uma "contração drástica" na Bolsa chinesa. O temor dos investidores é que esse movimento gere uma reversão em outros mercados globais. Com isso, Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 recuaram 0,11%, 0,42% e 0,12%, respectivamente.

Saldo estrangeiro na Bolsa é positivo em R$217,1 milhões

A cautela dos investidores após seguidos recordes da Bolsa já se reflete no balanço das aplicações estrangeiras na Bolsa: está positivo em R$217,1 milhões nos primeiros 18 dias do mês, mais fraco do que o registrado no mesmo período de abril (R$1,2 bilhão).

Para o risco-Brasil, segundo Felipe Brandão, diretor de Mercados Emergentes da corretora Arkhe, a tendência continua de queda:

- Alguns papéis brasileiros já refletem um risco mais baixo, como é o caso do Global 2037, que indica hoje um risco de 115 pontos. E é nessa direção que caminhamos: os cem pontos de risco já são uma realidade.