Título: Pf responde à acusação de que cometeu excessos
Autor: Goulart, Gustavo
Fonte: O Globo, 25/05/2007, O País, p. 5

Em nota, entidade diz que denúncias devem ser investigadas.

BRASÍLIA e SÃO PAULO. As declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que chamou de "canalhice" a atuação da Polícia Federal na Operação Navalha, provocaram desconforto na instituição, mas a reação pública dos policiais foi branda. Ontem, por meio de uma nota oficial, a PF afirmou que, se os policiais cometeram algum tipo de irregularidade, o caminho para contestá-la seria a requisição de providências para a apuração dos fatos. E ressaltou que os atos da Polícia Federal estão submetidos ao controle das autoridades judiciárias e do Ministério Público.

A nota, divulgada pela divisão de Imprensa da PF e sem assinatura, ressalta que a relação com o Judiciário é de "respeito e pleno acatamento às suas decisões, especialmente quando se trata da mais alta corte de Justiça do Brasil". O texto também diz que não se pretende responder à opinião pessoal de "um de seus ilustres membros" (Gilmar Mendes).

O texto da PF também classifica de harmônico o trabalho conjunto dos policiais com o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, e a ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). As três instituições conduziram a Operação Navalha.

Em defesa própria, a PF também afirmou que tem aperfeiçoado seus mecanismos de investigação nos últimos anos, o que "tem permitido o desmanche de inúmeras organizações criminosas, com a colheita de indícios e de provas que revelam a materialidade de delitos de natureza grave e a sua autoria, com destaque para o combate das infrações penais cometidas contra a administração pública".

Presidente do sindicato diz que é normal reclamar

Em defesa da atuação dos policiais federais na Operação Navalha, o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal de São Paulo, Amaury de Rosis Portugal, disse ontem que é normal a reação dos envolvidos em qualquer tipo de investigação, principalmente quando adquire a repercussão que teve esse trabalho policial. Respondendo às acusações, principalmente de parlamentares, de que na PF teria cometido excessos, Portugal disse que é normal a tentativa de obstrução das investigações e defendeu as operações como forma de combater a corrupção.

- Isso é normal, tentar obstruir o trabalho da Polícia Federal. Se não for assim, como vai ser? Vamos ficar entregues à corrupção? - perguntou Amaury Portugal.

O presidente do Sindicato dos Delegados de São Paulo acrescentou que, em toda sua história como policial, nunca viu suspeito ou envolvido elogiar os trabalhos dos policiais.

- Em 32 anos de Polícia Federal, nunca vi ninguém que está envolvido elogiar o trabalho que fazemos. O excesso, de que reclamam, não é a Polícia Federal fazer o que tem que fazer. É o contrário. É deles, de reclamar de uma investigação -- disse Portugal.