Título: Ministros saem em defesa de colega do STF
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 25/05/2007, O País, p. 9

DINHEIRO PÚBLICO NO RALO: "Banalização da prisão preventiva é um retrocesso", afirmou Marco Aurélio de Mello.

Para magistrados, habeas corpus dados por Gilmar Mendes foram corretos; AMB e Ajufe também dão apoio.

BRASÍLIA. Três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) - Marco Aurélio de Mello, Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski - saíram ontem em defesa da decisão do colega Gilmar Mendes de conceder habeas corpus a suspeitos presos na Operação Navalha. Os três, no entanto, evitaram comentar os ataques feitos pelo ministro na véspera. Mendes classificou de canalhice a atuação da Polícia Federal nas investigações.

Marco Aurélio, presidente do TSE, criticou a freqüência com que a Justiça decreta prisões de pessoas ainda não condenadas. Para ele, a prática se banalizou:

- Essas prisões encerram exceção. Os valores não podem ser invertidos. A banalização da prisão preventiva é um retrocesso.

Barbosa defendeu Mendes:

- Basta examinar a jurisprudência do STF e analisar a quantidade de habeas corpus que se dá. Não falo especificamente desse caso - disse Barbosa, ao lembrar que as liminares concedidas pelo colega fazem parte da rotina do tribunal.

- Certamente, ele selecionou casos que considerou eivados de legalidade - disse Lewandowski.

A Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) divulgou nota em defesa de Mendes. "A entidade repudia todo e qualquer constrangimento aos magistrados brasileiros na sua liberdade e independência para julgar", diz a nota.

A Associação dos Juízes Federais (Ajufe) também divulgou nota, assinada pelo presidente, Walter Nunes da Silva Júnior, em que acusou a PF de "pressionar e intimidar juízes, por meios ilegítimos e espúrios". E disse que magistrados como Mendes, por contrariar os interesses da polícia em suas decisões, "são objeto de campanhas difamatórias. Isso é um absurdo e merece o mais contundente repúdio."