Título: Sobrinhos de governador se recusam a depor
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 25/05/2007, O País, p. 10

DINHEIRO PÚBLICO NO RALO: Advogado diz que os dois vão colaborar com a apuração "no momento oportuno".

Maioria dos suspeitos já ouvidos por ministra foram liberados; os dois voltaram ontem para a carceragem da PF.

BRASÍLIA. Dois sobrinhos do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), foram mantidos presos, depois de se recusarem a prestar depoimento à ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no inquérito que investiga as fraudes em licitações públicas reveladas pela Operação Navalha. Alexandre de Maia Lago e Francisco de Paula Lima Junior foram detidos quinta-feira por suspeita de recebimento de propina da Gautama, empresa que supostamente coordenava o esquema.

Depois de se negarem a falar sobre o assunto, foram levados de volta à carceragem da Polícia Federal. Quase todos os demais depoentes foram liberados, após apresentarem suas versões à ministra.

O advogado dos dois, Inácio Bento de Loyola Alencastro, entrou com pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). O advogado disse que a atitude dos sobrinhos de Lago é uma "prática comum", e que a Constituição Federal garante a eles o direito de permanecer em silêncio. Alencastro argumentou que não tem acesso a todas as informações sobre a investigação e, por isso, aconselhou seus clientes a não depor. O advogado disse que os sobrinhos de Lago pretendem colaborar "no momento oportuno":

- A Constituição garante que eles não se manifestem ainda. Causa espanto o STJ mantê-los presos por isso.

Dos 48 presos na operação, 35 já foram soltos. Ontem, Eliana ouviu o depoimento de cinco suspeitos de integrar o esquema: Sebastião José Pinheiro Franco, fiscal de obras do Maranhão, e quatro funcionários da Gautama, Humberto Rios de Oliveira, Florêncio Brito Vieira, Ricardo Magalhães da Silva e Bolívar Ribeiro Saback. Ela também determinou o desbloqueio das contas bancárias da Empresa Concessionária de Saneamento de Mauá (Ecosama), que tem como representante legal Zuleido Veras, apontado como o mentor das fraudes.