Título: Greenspan e EUA derrubam Bolsas mundiais
Autor: Eloy, Patricia
Fonte: O Globo, 25/05/2007, Economia, p. 25

Bovespa tem maior queda desde março e mercados americano e europeu caem mais de 1%. Dólar sobe para R$1,97.

RIO e SÃO PAULO. As bolsas mundiais tiveram ontem um dia de perdas generalizadas devido a declarações, na véspera, do ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) Alan Greenspan e por dados que mostram que a economia americana está aquecida, o que reduz as chances de um corte de juros nos Estados Unidos a curto prazo. No Brasil, após recuar mais de 3% à tarde, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda de 2,47% - foi a maior perda desde o dia 2 de março (-2,64%). O dólar subiu 0,97%, para R$1,971, e o risco-Brasil avançou 2,86%, para 144 pontos centesimais.

Na Europa, as bolsas chegaram a cair mais de 1% e, nos EUA, a bolsa eletrônica Nasdaq fechou em queda de 1,52% e o S&P 500, de 0,97%. A Bolsa de Xangai recuou 0,54%, mas acumula, no ano, ganhos de 55,16%, ante 13,61% do Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira. Os mercados engataram ontem o segundo dia consecutivo de perdas após Greenspan declarar, na última quarta-feira, que após recordes consecutivos, os atuais níveis do mercado acionário chinês são insustentáveis, portanto, os investidores devem esperar uma "contração drástica" nos preços das ações.

Como a China - e a forte demanda do país por commodities - tem sustentado o crescimento global, aumentaram as especulações de uma expansão mais fraca da economia local, o que tenderia a encolher o crescimento global. Somado a isso, os investidores reavaliam a política monetária americana após a divulgação, ontem, de indicadores que mostram uma economia pujante.

As vendas de casas novas tiveram a maior alta, em abril, dos últimos 14 anos, e as vendas de bens duráveis cresceram 0,6% no mês passado. Os dados reduziram ontem as apostas de um corte de juros pelo Fed a curto prazo. E, com taxas ainda altas, pode inibir a aplicação de novos recursos em mercados emergentes, como o Brasil.

Mercado ignora revisão de nota do país pela Moody"s

Em meio ao mau humor, os investidores ignoraram a possibilidade - já esperada - de revisão da nota de crédito brasileira pela agência Moody"s, após a melhora no rating do país pelas concorrentes Fitch e Standard & Poor"s, que colocaram o Brasil a um passo do grau de investimento (dado a países onde é seguro investir).

A decisão será anunciada até o início de agosto, depois de a Moody"s se reunir com representantes do Ministério da Fazenda e do Banco Central. Atualmente, o Brasil está a dois passos do grau de investimento pela agência, com nota "Ba2" em moedas local e estrangeira.

- São grandes as chances de uma melhora do rating do Brasil - afirmou de Nova York o economista sênior da Moody"s, Mauro Leos.

A inflação medida pelo IPCA-15 subiu 0,26% em maio, ante 0,22% em abril. No ano, o índice acumula alta de 1,88% e, nos últimos 12 meses, de 2,99%. Entre os itens que mais pressionaram a inflação está o grupo combustíveis, cujos preços subiram 1,18% devido ao aumento sazonal do álcool.

COLABOROU: Aguinaldo Novo