Título: Ipiranga: Petrobras diz que não houve vazamento
Autor: Ordoñez, Ramona e Eloy, Patricia
Fonte: O Globo, 25/05/2007, Economia, p. 27

Sindicância conclui que aquisição do grupo foi regular. Empregado suspeito se aposentou.

Não houve vazamento de informações por parte dos empregados da Petrobras envolvidos na operação de aquisição do Grupo Ipiranga no último dia 19 de março. Esta é a principal conclusão da Comissão de Sindicância Interna, criada pela Petrobras para apurar a denúncia de uso de informações privilegiadas em aplicações na bolsa de valores.

O resultado da investigação, divulgado ontem, também inocenta o funcionário da empresa que, na ocasião, era gerente-executivo da Petrobras Distribuidora (BR), e comprou ações da Ipiranga, pouco antes do anúncio da operação, e depois vendeu os papéis. Ele se aposentou logo em seguida ao seu afastamento do cargo, ocorrido no dia 23 de março.

Sem citar o nome do empregado, a sindicância disse que não conseguiu reunir provas conclusivas de que as operações de compra e venda de ações descritas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - que investiga o caso - tenham partido de informações privilegiadas.

Porém, a sindicância critica a conduta do empregado, que omitiu de seus superiores, na data da publicação do fato relevante sobre o negócio, a aquisição de papéis do Grupo Ipiranga, realizada dias antes da concretização da operação. O comportamento dele, segundo o relatório, feriu o Código de Ética da Petrobras

CVM continua investigando vazamento de informações

A venda da Ipiranga para o consórcio composto por Petrobras, Grupo Ultra e Braskem vem sendo investigado pela CVM, devido a indícios de uso de informação privilegiada. Ao todo, 26 pessoas estão sendo investigadas atualmente. Uma delas é o gerente da BR que teve sua conta bloqueada pela Justiça (num total de R$295 mil), no dia 23 de março, a pedido da CVM e do Ministério Público Federal (MPF). Segundo lista entregue pelo consórcio à autarquia, ele não estava entre os funcionários que sabiam da operação.

Entre os dias 13 e 14 de março - portanto, antes do anúncio da aquisição - o então gerente da BR vendeu todos os seus papéis preferenciais (sem direito a voto ou PN) - adquiridos em fevereiro - da Ipiranga Refinaria. No próprio dia 13, ele comprou ações com direito a voto (ordinárias ou ON) da mesma empresa, vendendo-as no dia do anúncio oficial.

As investigações da CVM ainda estão em andamento. A pena para vazamento de informação privilegiada é de até cinco anos de reclusão.