Título: Os dilemas éticos da nova ciência
Autor:
Fonte: O Globo, 25/05/2007, Ciência, p. 32

Seminário debate questões como eutanásia, células-tronco e aborto.

Quais os reflexos do constante avanço da ciência? Como a filosofia trata temas como aborto, eutanásia e pesquisas com células-tronco? Esses foram algumas das principais questões levantadas pelo seminário ¿Brasil, brasis ¿ Vida com hora marcada: a natureza desafiada¿, realizado ontem, na Academia Brasileira de Letras (ABL). O evento contou com a presença dos acadêmicos Ivo Pitanguy e Cândido Mendes, além do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e os médicos Dráuzio Varella, Paulo Niemeyer Filho, Raul Cutait e Renato Kovach.

¿ A Humanidade passa por uma extraordinária transformação ¿ disse Pitanguy, na abertura dos debates. ¿ Temas como aborto, células-tronco e eutanásia fazem com que questionemos tudo o que sabemos sobre a vida e morte.

Segundo Cândido Mendes, a aceleração do conhecimento gera uma série de interrogações.

¿ É possível a sociedade desprezar as maravilhosas possibilidades das pesquisas com as células-tronco? ¿ disse, sob aplausos.

O neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho lembrou do primeiro transplante de coração, realizado em 1967, pelo médico sul-africano Christian Barnard.

¿ A partir daquele momento, tivemos que mudar a nossa idéia de morte. E também a nossa ética ¿ declarou.

Dráuzio Varella confessou que, apesar de toda a sua experiência, ainda se sente abalado ao lidar com a morte.

¿ Quando lido com pacientes em estado terminal, e a família pede para encerrar o sofrimento, fica a eterna dúvida: quem vai desligar o aparelho? ¿ questionou. ¿ Acredito que o critério para uma sobrevida é o prazer. Enquanto a pessoa tiver algum prazer, a vida tem que ser mantida.

O ministro da Saúde ressaltou que o Brasil forma 10 mil médicos por ano, enquanto os EUA formam 40 mil por ano.

¿ É um índice respeitável, mas a especialização excessiva atrapalha a boa prática. ¿ Além disso, temos que questionar a igualdade nos tratamentos. Os avanços tecnológicos não podem servir a uma elite.