Título: Contratos renderam R$8,8 milhões
Autor: Peña, Bernardo de la e Leali, Francisco
Fonte: O Globo, 26/05/2007, O País, p. 8

Ascop Vigilância presta serviços ao governo federal pelo menos desde 2004.

SALVADOR E RIO. Apesar de não figurar como sócio no registro da Ascop Vigilância Eletrônica e Patrimonial, Clemilton Rezende se apresenta como o responsável pela empresa e assina contratos nos órgãos públicos como sócio-representante. Sua experiência no ramo de licitações públicas rendeu à firma contratos vantajosos com o governo da Bahia e União. A empresa presta serviços ao governo federal há pelo menos três anos. Esses contratos, segundo dados da Controladoria Geral da União, renderam cerca de R$8,8 milhões desde 2004.

Até março deste ano, a Ascop - que ocupa uma modesta sede em Pernambués, bairro pobre de Salvador - fechou contratos com o governo federal de pouco mais de R$1 milhão. A empresa presta serviços à Receita Federal. Desde o início do ano, trava batalha jurídica com a Secretaria de Saúde da Bahia. Em dezembro, nos últimos dias do governo Paulo Souto (DEM), a empresa venceu licitação de R$18 milhões para cuidar da vigilância dos hospitais estaduais.

Em vez de segurança, o contrato trouxe dor de cabeça: quando o secretário Jorge Solla assumiu a pasta, em janeiro, os funcionários reclamavam de sete meses de atraso na entrega de vales-transporte e refeição e dois meses sem adicional de férias. Segunda-feira, ensaiaram paralisação por não terem recebido salário. A secretaria planeja instaurar comissão para auditar as contas da empresa que, em 2005, recebeu do órgão R$6,58 milhões sem licitação.

O diretor-geral da Secretaria de Saúde, Amauri Santos, informou que já pediu três vezes a ruptura unilateral do contrato.