Título: Operação Navalha já derrubou dez servidores
Autor: Tavares, Mônica e Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 26/05/2007, O País, p. 9

DINHEIRO PÚBLICO NO RALO: Em Alagoas, cinco servidores do governo estadual foram demitidos; no Maranhão, um

Diretor do Luz para Todos é o terceiro a sair de Minas e Energia; presidente do BRB também perdeu o cargo.

BRASÍLIA. A Operação Navalha da Polícia Federal, que apura desvios de recursos públicos, já provocou a demissão de pelo menos dez pessoas tanto de órgãos do governo federal como de governos estaduais. O diretor do programa Luz para Todos, José Ribamar Lobato Santana, pediu demissão alegando motivos pessoais. O ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, assumiu a coordenação do programa. Santana é o terceiro funcionário a sair do ministério.

O presidente do Banco de Brasília (BRB), Roberto Figueiredo Magalhães, também havia sido preso na Operação Navalha, pediu demissão. Ele foi solto, graças a um habeas corpus, após ser interrogado pela ministra Eliana Calmon. No entanto, sua situação ficou insustentável e, quinta-feira, durante audiência com o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, pediu demissão. Para o seu lugar, foi escolhido o funcionário Laécio Barros Júnior.

Na carta de demissão, Figueiredo disse que "os fatos de conhecimento público" investigados pela PF "atingiram violentamente minha reputação, construída com muito trabalho, dedicação, ética e profissionalismo". Ele afirmou ainda que aguardará "com a tranqüilidade própria dos inocentes, pois, no decorrer das investigações, restará a certeza de que, ao final delas, a justiça será feita, mesmo sabendo dos malefícios hoje gerados".

O primeiro funcionário de Minas e Energia a perder o emprego foi Ivo Almeida Costa, assessor especial do então ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau. Preso pela PF, Ivo foi liberado após prestar depoimento ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Terça-feira, o próprio Silas Rondeau pediu demissão, ao ser acusado de corrupção passiva.

Relatório da PF enviado ao STJ acusa o ex-ministro Silas de ter recebido da Gautama R$100 mil em seu gabinete, em 13 de março. Segundo a PF, a Gautama teria vencido licitação do Luz para Todos no Piauí, em conluio com o presidente da Companhia Energética do Piauí, Jorge Targa. No estado, a meta era a de fazer 149 mil ligações, porém até agora só foram realizadas 24.599.

Em Alagoas, os cinco servidores do governo estadual presos já prestaram depoimento ao Superior Tribunal de Justiça e foram soltos em seguida. Mas nenhum recuperou o emprego. Quinta-feira, mesmo dia das prisões, o governador do estado, Teotônio Vilela Filho, exonerou os suspeitos. Ontem, a assessoria do governo informou que a decisão não tem volta.

Os suspeitos de envolvimento em fraudes em licitações públicas em Alagoas são Adeilson Teixeira Bezerra, secretário de Infra-Estrutura; Denisson de Luna Tenório, subsecretário do órgão; José Vieira Crispim, diretor de obras; Márcio Fidelson Menezes Gomes, diretor do Detran local, e Eneas Alencastro Neto, representante do governo em Brasília.

No Maranhão, a situação é diferente: dos quatro servidores presos na operação, também já liberados, três mantiveram os empregos. O único demitido foi o fiscal de obras do estado Sebastião José Pinheiro Franco. Ele teria recebido propina para avalizar medições contendo erros graves, o que permitiu o pagamento de obras sem alterações no contrato inicial. Para o governador Jackson Lago, os indícios que pesam contra Franco são fortes demais.

Os outros três que manterão seus cargos são: Ney Barros Bello, secretário de Infra-estrutura; José de Ribamar Ribeiro Hortegal, servidor do órgão, e Geraldo Magela Fernandes da Rocha, servidor público do estado que foi assessor do ex-governador José Reinaldo Tavares. A assessoria de imprensa do governador informa que ele ainda confia em seus servidores e prefere esperar o fim das investigações antes de tomar atitudes.