Título: Bolívia quer reduzir exportação de gás para termelétrica de Cuiabá
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 26/05/2007, Economia, p. 34

Com impasse na negociação, empresa pede intervenção do governo brasileiro.

Sem gás natural suficiente para cumprir seus contratos, o governo da Bolívia quer reduzir à metade - de 2,2 milhões de metros cúbicos por dia para 1,1 milhão - o fornecimento do produto para a usina termelétrica de Cuiabá, que pertence às empresas Shell e Ashmore. Com 480 megawatts (MW) de capacidade, a usina é responsável por 70% da energia consumida no estado do Mato Grosso.

O presidente da usina, Carlos Baldi, afirmou ao GLOBO que a empresa não aceita a redução do volume de gás porque ele inviabiliza o empreendimento, que custou R$1,5 bilhão, além de colocar em risco o fornecimento de energia no estado:

- A redução dos volumes de gás é inaceitável. Queremos que eles cumpram o contrato.

Brasil aceitou aumento de preço em fevereiro

Segundo Baldi, as negociações com as autoridades do governo boliviano chegaram a um impasse esta semana. Ele disse que a empresa solicitou a intervenção do governo brasileiro no caso, por intermédio do Ministério de Minas e Energia e do Itamaraty.

Em fevereiro, os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Bolívia, Evo Morales, assinaram acordo segundo o qual a térmica de Cuiabá aceitava pagar mais caro pelo gás: o preço passou de US$1,19 por milhão de BTUs (unidade térmica do gás) para US$4,20. O executivo destacou que o contrato se refere apenas aos preços do gás. As demais condições previstas no acordo assinado em 1998, como o volume fornecido e as penalidades, não sofreram quaisquer alterações.

- O sistema elétrico brasileiro não pode perder 500 megawatts - alertou Baldi.