Título: Abert e SIP criticam o governo
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Fonte: O Globo, 26/05/2007, O Mundo, p. 38

O iminente cancelamento da concessão da RCTV foi criticado ontem pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). As entidades frisam que tirar a emissora do ar representa um ataque à liberdade de expressão.

Em um comunicado divulgado ontem, a Abert "lamenta e condena a decisão" de Chávez.

"A Abert acredita que a liberdade de expressão e o respeito ao estado democrático de direito são fundamentos das nações democráticas. A decisão de não renovar a licença de funcionamento da RCTV fere um direito objetivo garantido pela legislação venezuelana, já que a emissora preenche os requisitos legais e técnicos para continuar suas operações", diz a Abert.

"O ato do presidente Chávez constitui um grave atentado à liberdade de expressão, desrespeita os princípios de diversidade e pluralidade e agride o direito à informação da sociedade venezuelana", afirma a Abert.

Já a SIP informou ontem que enviará para a Venezuela os principais integrantes de sua diretoria para "demonstrar solidariedade" à RCTV.

"A SIP considera que a revogação da licença da RCTV é uma represália contra uma voz crítica que bloqueia o governo", disse a entidade num comunicado divulgado ontem.

A delegação que estará na Venezuela será liderada pelo presidente da SIP, Rafael Molina, do jornal "El Día" da República Dominicana. Também serão enviados o presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, o guatemalteco Gonzalo Marroquín; e o ex-presidente da entidade, o peruano Alejandro Miró Quesada, além dos diretores Julio Muñoz e Ricardo Trotti.

Já as reações de integrantes de governos da região têm sido mais contidas. O presidente do Panamá, Martín Torrijos, em visita a Brasília, frisou que a ação de Chávez é "uma decisão soberana da Venezuela". Já o chefe de Gabinete do Chile, Ricardo Lagos Weber, disse que se tratam de "decisões de política interna" do país, apesar de dizer que o governo chileno "certamente defende a liberdade de expressão, o pluralismo informativo".