Título: Discurso convence aliados
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 29/05/2007, O País, p. 4

Corregedor diz que explicações foram esclarecedoras.

BRASÍLIA. Com um pronunciamento carregado de emoção, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), conseguiu, pelo menos num primeiro momento, estancar as cobranças públicas de colegas para que apresentasse uma defesa mais convincente sobre as suspeitas de que suas despesas são pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior.

Ao final de um discurso sem apartes, fez-se uma fila para que Renan recebesse os cumprimentos dos colegas. Mas os aplausos contidos da Casa deram a medida exata do clima de apreensão diante dos rumores de que novas acusações poderão surgir.

- Se não surgir fato novo, a bancada dá o assunto por encerrado - disse o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO).

Toda a cúpula peemedebista compareceu ao plenário do Senado, entre eles, o presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), o líder da Câmara, Henrique Alves (RN), e o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Os petistas também foram rápidos em aceitar, sem questionamentos, a defesa apresentada por Renan. A líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC), não vê motivos para que seu partido faça qualquer representação contra o presidente do Senado no Conselho de Ética:

- Diferentemente da revista "Veja", Renan apresentou provas em sua defesa.

A oposição, com um pouco mais de cautela, também demonstrou satisfação. O líder do Democratas, Agripino Maia (RN), elogiou a rapidez com que ele se defendeu, embora considere que o caso só poderá ser dado como encerrado depois que os documentos apresentados por Renan sejam analisados pela Corregedoria do Senado.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), foi o primeiro a usar a tribuna, depois de Renan, mas ao contrário do que se esperava, não fez qualquer referência ao assunto. Preferiu reiterar suas críticas aos excessos da Polícia Federal na Operação Navalhas. Na saída, foi sucinto:

- Ele (Renan) foi atacado sem documentos e se defendeu com documentos. Cabe agora ao acusador se pronunciar.

O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), disse ontem que já está fazendo uma investigação preliminar das denúncias envolvendo Renan. Mas, depois do discurso de Renan, disse que considerou as explicações "convincentes":

- Preliminarmente, considero que ele respondeu as acusações, inclusive apresentando documentos. Tem pelo menos uma coisa positiva: ele não a forçou a fazer um aborto.

O relatório final da Corregedoria será, segundo Tuma, encaminhado à Mesa Diretora e depois ao Conselho de Ética, que só pode abrir processo contra um senador se um partido ou a Mesa Diretora da Casa fizerem um pedido nesse sentido.