Título: Até prova em contrário, ele é inocente, diz Lula sobre Renan
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 29/05/2007, O País, p. 4
Em programa de rádio, presidente defende ainda o ex-ministro de Minas e Energia.
BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou parte do programa semanal de rádio "Café com o presidente" para defender aliados acusados de corrupção. Para Lula, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que usaria o lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, para pagar suas contas, é inocente até que apareçam provas do contrário. O presidente disse ainda que o ex-ministro Silas Rondeau, demitido sob suspeita de receber R$100 mil da construtora Gautama, foi afastado para não ficar sangrando.
- A reportagem (da revista "Veja") o colocou sob suspeita. Isso não quer dizer que o senador Renan seja culpado ou tenha qualquer culpa. Até prova em contrário, ele é inocente. Se há insinuações, que se investigue essas insinuações e se estabeleça um critério para avaliar se ele é culpado ou se é inocente. Ou seja, nós temos processo de investigação e vamos investigar - argumentou Lula.
Segundo reportagem da "Veja", publicada na edição desta semana, o lobista entregava mensalmente R$16.500, em dinheiro, à jornalista Mônica Veloso, mãe da filha de 3 anos do senador. A construtora Mendes Júnior negou que repassasse o dinheiro a Renan.
Afastamento de Silas Rondeau era necessário, diz Lula
Lula disse que, até agora, não há provas contra Rondeau, apenas suposições. Segundo ele, as investigações vão prosseguir e, se forem confirmadas as denúncias, Rondeau pagará por eventuais irregularidades cometidas no exercício do cargo de ministro de Minas e Energia. A Operação Navalha da Polícia Federal revelou o envolvimento de Rondeau e assessores do ministério com funcionários da Gautama.
- O afastamento do Silas era uma necessidade para que ele não ficasse sangrando a vida inteira, porque ninguém suporta ficar nas primeiras páginas de jornais o tempo inteiro. Se tiver alguma coisa contra o Silas, ele pagará pelo erro que cometeu. O que não dá é a gente condenar as pessoas por insinuações ou ilações, de quem quer que seja.
Segundo a PF, a quadrilha se preparava para fraudar licitações incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ontem, Lula disse que as investigações não vão prejudicar o andamento do programa.
- O PAC independe de qualquer investigação. Estou convencido de que as denúncias são indícios importantes de que precisamos melhorar o processo de licitação no país e a concorrência de obras públicas, porque muitas delas são obras delegadas do governo federal para estados e para municípios. Se, em algum momento da história de uma licitação houve um problema, que se apure e que se puna quem cometeu o erro.
O presidente voltou a afirmar que a Polícia Federal e o Ministério Público vão continuar investigando, independentemente de quem seja o acusado. O presidente também voltou a condenar os excessos nas operações da PF, especialmente o vazamento de informações no meio do processo, mas afirmou que as apurações são feitas com base em decisões judiciais e não de forma arbitrária.
- O que não queremos é culpar inocentes, nem absolver culpados. A investigação tem que ser séria e defendemos a idéia de que, quando uma acusação estiver sendo alvo de processo, que esse processo não seja vazado para a imprensa antes do seu final, porque senão cometemos o erro de condenar as pessoas a priori, como já aconteceu tantas vezes no Brasil, e, depois que foi feita a investigação, elas eram inocentes - afirmou.
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