Título: Ex-presidente defende ações criticadas pelo PT
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 29/05/2007, O País, p. 8

Entre elas, as privatizações, munição usada por Lula contra Geraldo Alckmin em 2006

BRASÍLIA. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu, em seminário do PSDB, as ações de seus dois mandatos, como as privatizações, atacadas pelo PT durante a eleição do ano passado e defendidas timidamente por Geraldo Alckmin, candidato derrotado do PSDB à Presidência.

- Temos de nos orgulhar das privatizações. Foram sem roubo - disse, acrescentando que elas tiraram a "burocracia capenga" das empresas do Estado, além das "infiltrações políticas".

Ele também listou alguns de seus programas sociais que, afirmou, serviram para colocar o Brasil em um outro patamar?:

- Temos de defender com mais energia nosso legado. É impossível ouvir que a estabilização foi feita pelo governo atual.

FH divide mesa com Teotônio Vilela Júnior

Fernando Henrique defendeu a reforma política baseada no voto distrital misto e no financiamento público de campanhas.

- Ou fazemos financiamento público ou não se acaba com a corrupção - afirmou.

O governador de São Paulo, José Serra, também tem a mesma proposta e sugeriu o voto distrital misto já nas eleições do ano que vem, nos 70 municípios com mais de 200 mil eleitores.

- Se o voto fosse distrital, diminuiria em cinco ou dez vezes o custo da campanha - calculou.

Sentado à mesa em que também estava o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Júnior, que teve secretários envolvidos na Operação Navalha, Fernando Henrique declarou que o país vive a democracia, mas ainda falta que a lei seja igual para todos.

- Hoje temos todo o arcabouço democrático. Só não temos a alma da democracia, que é a crença de que a lei é para valer e que todos são iguais perante a lei - disse FH

O recado, no entanto, foi, de forma indireta, para o presidente Lula:

- Como não existe a igualdade, voltamos aos velhos tempos de que a lei é para os inimigos e nos amigos se passa a mão (sobre a cabeça). São os estranhos, pessoas que fazem as coisas um pouco alopradas. Mas, coitadinhos...

No ano passado, quando petistas foram flagrados tentando comprar um dossiê contra tucanos, Lula se referiu aos companheiros como "aloprados".