Título: Micro prefere recorrer ao caixa do negócio
Autor: Rodrigues, Luciana
Fonte: O Globo, 29/05/2007, Economia, p. 19

Segundo pesquisa, 81% usam recursos da própria firma para financiar expansão

Apesar da forte expansão do crédito às firmas de menor porte nos últimos meses, o microempresário ainda costuma recorrer com muito mais freqüência a recursos próprios quando investe para expandir seus negócios. Pesquisa feita pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) com 1.670 empresas da capital e Região Metropolitana constatou que, no ano passado, 6,4% dos empresários usaram linhas de crédito para financiar investimentos, uma alta frente aos 4,8% de 2005. Mas a grande maioria (81,3%) apelou para recursos do caixa do próprio negócio. E 6,8% das empresas optaram por lançar mão do dinheiro do proprietário para fazer expansões.

- Os bancos ainda exigem muitas garantias. A burocracia é grande e começa já na abertura de conta. A comprovação de renda é outro entrave, que restringe o limite do crédito disponível para o empresário - diz o presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz.

Diniz lembra que, apesar da queda forte dos juros nos últimos meses, o custo médio do capital de giro para as empresas ainda está em 38% ao ano, bem acima dos 12,5% da taxa básica Selic.

Vinicius Castilho, analista financeiro do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad), acrescenta que o total de crédito como proporção do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) ainda é baixo no Brasil, de pouco mais de 30%. Os juros caíram e os prazos de financiamento aumentaram, mas ainda há um longo caminho a percorrer, diz Castilho.

O Inepad fez um levantamento nos balanços dos maiores bancos privados do país e constatou que as micro, pequenas e médias empresas já respondem por 21,8% da carteira de crédito do Itaú, contra apenas 9,1% em 2003. No Bradesco, essa parcela aumentou de 25,9% para 30%. (Luciana Rodrigues)