Título: BNDES venderá participação na AES, que pode se desfazer de ativos no país
Autor: Eloy, Patricia e França, Mirelle de
Fonte: O Globo, 29/05/2007, Economia, p. 21

Banco emprestará R$1,5 bilhão para Vivo ampliar e manter rede GSM.

A BNDESPar, o braço de participações do BNDES, vai vender sua participação na Companhia Brasiliana de Energia, que controla as geradoras de energia AES Elpa, Eletropaulo e AES Tietê, conforme antecipado em março deste ano e anunciado ontem pelo BNDES às empresas do grupo. A instituição tem sociedade na Brasiliana com a AES Holdings Brasil. Caso esta não exerça seu direito de preferência no negócio (adquirindo as ações em poder da BNDESPar), será obrigada a vender todos os seus ativos no Brasil que fazem parte hoje da Brasiliana.

A obrigatoriedade de venda das ações da Brasiliana pela americana AES - no jargão do mercado, drag along - está prevista no acordo de acionistas assinado em dezembro de 2003. Ele também prevê que BNDESPar e AES tenham preferência na compra de ações vendidas por um dos sócios, pelo mesmo preço que seria pago pelos compradores em potencial.

O banco de fomento detém hoje 53,85% do capital total da Brasiliana e mais 0,44% do capital da Eletropaulo. O BNDES já teria contratado o Citibank para estruturar a operação, que deve ser concluída até o segundo semestre deste ano e estaria avaliada em cerca de R$3 bilhões.

Há cerca de duas semanas, o BNDES converteu em participação as debêntures que tinha na Light. Na Brasiliana, o movimento é o oposto: o banco está desinvestindo na companhia. O setor de energia será um dos mais beneficiados dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em janeiro, e o BNDES é um dos principais instrumentos de financiamento do setor. Em maio, o banco aprovou o financiamento de R$278,1 milhões para duas distribuidoras do grupo CPFL.

Em 2003, o BNDES e a AES foram protagonistas de uma dura negociação envolvendo uma dívida de US$1,2 bilhão que a empresa americana de energia detinha junto ao banco. O acordo final, fechado durante a gestão do ex-presidente Carlos Lessa, estabeleceu que 50% da dívida fossem convertidos em ações de uma nova companhia, a Brasiliana, criada com os ativos da AES no Brasil. A holding reunia a Eletropaulo, a AES Tietê e a AES Uruguaiana. Os 50% restantes seriam quitados em 11 anos.

Setor de telecom recebeu R$19,5 bilhões desde 1998

Ontem, o BNDES anunciou um empréstimo de R$1,5 bilhão para a Vivo. Os recursos serão investidos, principalmente, na ampliação e manutenção da rede GSM e na expansão de capacidade de tráfego nas áreas que já são atendidas pela operadoras. Esse é o terceiro maior financiamento do banco para uma empresa do setor.

No fim do ano passado, a Telemar e a Brasil Telecom conseguiram crédito de R$2,4 bilhões e R$2,1 bilhões, respectivamente. De acordo com o chefe do Departamento de Telecomunicações do BNDES, Alan Fischler, de 1998 até hoje, já foram aprovados R$19,5 bilhões para a área.

- Os financiamentos para esse setor ocorrem em ciclos, geralmente, de três em três anos para cada empresa. A expectativa para este ano é de desembolsos em torno de R$2 bilhões - disse Fischler.