Título: TAM admite 'apagão de comunicação'
Autor: Jungblut, Cristiane e Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 30/05/2007, O País, p. 10

À CPI, presidente da empresa diz que não havia informação integrada com Infraero e Anac.

BRASÍLIA. O presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, admitiu ontem que as companhias aéreas sofreram um "apagão de comunicação" durante a crise do setor aéreo, iniciada em outubro passado, falhando ao não informar bem aos passageiros sobre o que estava ocorrendo. Bologna disse aos senadores da CPI do Apagão Aéreo que não havia uma informação integrada e instantânea entre os órgãos envolvidos - empresas aéreas, Infraero e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

- Do lado das companhias, a gente também teve um apagão de comunicação. Há um dever de casa sendo feito para melhorar a informação. Em tudo a que a gente assistiu, as principais vítimas têm sido nossos clientes - disse Bologna.

Presidente da Gol diz que já fez acordo com 23 famílias

O presidente da Gol, Constantino de Oliveira Junior, que também depôs, reconheceu que as empresas tinham dificuldades para bem informar os passageiros porque não recebiam informações adequadas. Apesar de ontem terem sido completados oito meses do acidente envolvendo um avião da Gol e o jato Legacy pilotado por dois americanos, Constantino disse não ter ainda o relatório final das investigações. Ele contou que a empresa já fez acordo com 23 famílias de vítimas do acidente.

Já o brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do Cenipa (Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), e o coronel Rufino Antonio da Silva, disseram à CPI que não houve falhas nos equipamentos, reforçando a tese de que os controladores de vôo foram também responsáveis pelo acidente que ocorreu em 29 de setembro, matando 154 pessoas. Para os militares, houve falha no "cumprimento das regras". As declarações foram feitas um dia depois que os controladores estiveram no Senado e se eximiram de qualquer culpa.

Na Câmara, em menos de um mês de trabalho, integrantes da CPI do Apagão Aéreo já colocam em dúvida investigações da Aeronáutica, da Polícia Federal e do Ministério Público feitas desde o ano passado sobre o acidente com o Boeing da Gol.

O presidente da CPI do Apagão Aéreo na Casa, Marcelo Castro (PMDB-PI), insiste na inocência dos pilotos do jato Legacy, apontados como principais responsáveis pelo acidente. Os integrantes da CPI da Câmara também usaram a sessão de ontem para condenar o que chamaram de precipitação da CPI do Senado. Houve críticas ao relator do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), que apontou falha dos controladores, em especial de Jomarcelo Fernandes, como causa do acidente. E teve o apoio de outros deputados.

O deputado Vic Pires Franco (PSDB-PA) levantou uma hipótese inusitada. Ele manifestou perplexidade em relação à ausência de gritos, pedidos de socorro, choro ou orações nas gravações da caixa-preta do avião da Gol nos momentos seguintes à colisão e sugeriu que as aeronaves podem sequer ter se chocado.

- O avião da Gol pode ter explodido antes de se encontrar com o Legacy. Por que não se ouviu nada depois do "sound of collision"? O Legacy pode ter batido em uma das asas destruídas do avião.

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