Título: Renan entrega novos documentos a corregedor
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 31/05/2007, O País, p. 8

Extratos e declarações de renda comprovariam pagamentos a jornalista, diz advogado do senador.

BRASÍLIA. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), entregou ontem ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), a movimentação de sua conta no Banco do Brasil, no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2005, e declarações de Imposto de Renda, dos anos de 2003 a 2006, com o objetivo de demonstrar que os pagamentos à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha, foram feitos com recursos próprios. Para comprovar que o dinheiro era seu, Renan demonstrou ter declarado ao Imposto de Renda que teve rendimentos de R$1,437 milhão em 2004 e de R$1,017 milhão em 2005.

- Meu advogado entregou as últimas respostas que precisavam ser entregues porque dependiam de movimentações bancárias, sigilos fiscais. Não é importante envolver outras pessoas. Esse calvário prefiro viver sozinho - disse Renan.

Na terça-feira, Renan admitiu não ter como comprovar os repasses mensais de R$8 mil, além de arcar com um aluguel de R$4.500 (uma casa) e depois de R$4 mil (um apartamento) antes do reconhecimento da paternidade. A defesa foi entregue pelo advogado Eduardo Ferrão.

- Recebi extratos bancários, declarações de rendimentos e outros documentos, entre os quais dois que se referem ao fundo para custear a educação da filha - afirmou Tuma.

Senadores dizem que papéis comprovariam fundo

Ferrão disse que os dados referentes aos pagamentos anteriores ao reconhecimento da paternidade só foram entregues a Renan anteontem e, por isso, não houve referência a eles.

- Todos esses pagamentos, sem exceção, saíram das contas correntes do senador, assim como depósitos e aportes de dinheiro que mostram a fonte desses recursos - disse Ferrão, acrescentando que não poderia mostrar os extratos porque estão sob sigilo bancário, nem os documentos, por causa do segredo de Justiça.

Ele admitiu, a exemplo do que fizera Renan, que não tem comprovantes dos pagamentos feitos entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005, porque não tem recibo da jornalista no período anterior ao reconhecimento da paternidade.

- Até então não era uma pensão, mas uma ajuda a uma pessoa com que o senador se relacionou - disse Ferrão.

Senadores que viram os papéis contaram que foram anexados à defesa dois documentos, que estão sob segredo de Justiça, que comprovariam que Renan constituiu um fundo de R$100 mil para despesas futuras com a educação da filha. São dois recibos, de 24 de maio de 2006 e de 27 de junho de 2006, assinados por Mônica e pelo advogado Pedro Calmon Mendes. Atestam ter recebido dois pagamentos de R$50 mil, que serviriam conforme o texto: "para prover futuras e eventuais despesas da aludida menor com sua educação". À imprensa, Calmon negara essa informação, o que poderia servir de argumento para pedir a cassação de Renan por quebra de decoro, por ter mentido no discurso.

Os documentos demonstrariam que os pagamentos anteriores a dezembro de 2005 foram em dinheiro. Os extratos mostrariam saques (mensalmente) que permitiriam a Renan repassar os R$8 mil e pagar os alugueis.