Título: PMDB de Renan e Sarney perde força
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 31/05/2007, O País, p. 8

Já o grupo comandado pelo presidente do partido, Michel Temer, se fortalece.

BRASÍLIA. A crise política que tomou conta do Senado já provocou uma conseqüência imediata: o enfraquecimento do grupo do PMDB comandado pelos senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP), que trava uma luta de poder com o presidente Michel Temer (SP). Os episódios recentes diminuíram de forma significativa a interlocução do PMDB do Senado com o Palácio do Planalto e até mesmo com o próprio partido. Na linha oposta, o grupo comandado por Michel ganhou novo peso.

Renan tem utilizado todo o seu capital político para evitar a abertura de um processo de cassação, depois que foi acusado de de usar dinheiro da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, mãe de uma filha sua. Ao mesmo tempo, o seu principal aliado, o senador José Sarney, teve que operar pessoalmente para que um afilhado político seu, o ex-ministro das Minas e Energia Silas Rondeau, entregasse o cargo no governo. Rondeau está sendo investigado pela Operação Navalha, acusado de receber propina da empreiteira Gautama. Ontem, numa conversa com amigos, Renan desabafou:

- Minha ação como aliado incondicional do governo Lula me transformou em alvo.

No Planalto, a avaliação é de que Renan perdeu as condições de ser um negociador político do PMDB. Por isso, ninguém tem dúvida que a relação entre Executivo e Legislativo muda, e o presidente Lula fica com mais força.

A mesma percepção é compartilhada pelos caciques do PMDB. A expectativa é de que, com o enfraquecimento de Renan e Sarney, o partido possa tentar uma reunificação. Recentemente, o grupo da Câmara e o do Senado travaram uma disputa pelo comando do partido. Temer foi vitorioso. Os senadores não escondiam a mágoa. Tanto que chegaram a usar o ex-ministro Silas Rondeau para vetar a indicação da bancada do PMDB na Câmara, que tentava nomear Luiz Paulo Conde para presidir Furnas.