Título: Enem faz dez anos e mostra deficiências da escola no país
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 03/06/2007, O País, p. 16

Para reverter notas baixas, especialista recomenda investimento nas crianças.

BRASÍLIA. Ao completar dez anos, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é um retrato de como a maioria dos brasileiros aprende pouco na escola. Cinco milhões de alunos já fizeram o teste desde 2001, quando a taxa de inscrição deixou de ser cobrada na rede pública, quadruplicando o número de participantes. A nota média mais alta na prova objetiva, nesse período, foi 46,75 (escala de 0 a 100), entre alunos do 3º ano do ensino médio. Ou seja, abaixo de 5, na escala tradicional de 0 a 10. O pior é que essa média só piorou nos últimos três anos, despencando para 35,45, em 2006.

Ao analisar os resultados do Enem por escola, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Reynaldo Fernandes, constatou uma tendência: os alunos que se inscrevem e fazem a prova costumam ser os melhores da turma. Logo, é válido supor que as notas seriam ainda mais baixas se todos participassem do exame.

Mas não é só isso. Diferentemente das demais avaliações do governo, em que um mau resultado não causa prejuízo direto ao aluno, o Enem é porta de entrada no programa Universidade para Todos (ProUni), que dá bolsas a estudantes de baixa renda. Portanto, tudo indica que a motivação do estudante seja grande. Para entrar no ProUni, a nota mínima é 45 pontos, considerada a média aritmética das provas objetiva e de redação.

- O ensino médio não prepara o aluno para entrar na universidade nem para o mundo do trabalho. A única forma de reverter isso é investir nas crianças - diz o conselheiro de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE) Mozart Neves Ramos.