Título: Quadrilha teria financiado candidatos
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 06/06/2007, O País, p. 5

PF investiga indício de tráfico de influência e conexões políticas.

CAMPO GRANDE e CURITIBA. Segundo a PF, um dos focos da Operação Xeque-Mate é a possibilidade de a máfia dos caça-níqueis ter financiado candidatos nas eleições de 2006. A assessoria da PF não quis dar detalhes, mas afirmou que há indícios de tráfico de influência nas ações do grupo chefiado por Nilton Cezar Servo. Além dele, outros detidos têm conexões políticas. Jamil Name Filho é sobrinho do presidente da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Jerson Domingos (PMDB). Nilton Cezar Servo II e Victor Emanuel Servo, preso ontem em Uberlândia, são filhos de Nilton Cezar Servo Filho. Em Dourados (MS), foi preso o ex-deputado estadual Roberto Razuk. Ele já cumpre pena de 20 anos em regime semi-aberto por crime contra o sistema financeiro. Além disso, Hércules Mandetta Neto, preso em Campo Grande, é irmão do secretário municipal de Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

No Paraná, Nilton Cezar Servo tem vasta história ligada a jogos de azar. Nos anos 90, ele foi proprietário da primeira casa de bingo em Maringá, Norte do estado, e tornou-se sócio de outra casa na cidade. Na época, ele teria enfrentado até a PF no momento em que o governo do Paraná decretou o fim dos bingos.

Em fevereiro de 1991, quando assumiu a vaga de suplente do ex-deputado José Alves (PDT), Servo apresentou à Assembléia Legislativa um dos projetos mais polêmicos no Estado: a legalização do jogo do bicho, através da Zooteca, que previa a estatização do jogo do bicho com apoio do Serlopar (Serviço da Loteria do Estado do Paraná).

- Ele sempre mexeu com jogo - afirmou uma das fontes policiais de Maringá.

Servo também acumula ações na Justiça do Paraná. Uma delas, cível, corre por conta de ação de despejo por falta de pagamento de aluguel, julgada em 2007, em que foi condenado. A outra, que corre na Justiça Federal, refere-se a dívidas de FGTS como presidente do Grêmio de Maringá, clube de futebol extinto.

Ele também é réu em um processo criminal por crime de lesão corporal contra o próprio pai, em abril de 1989. Em 2000, foi preso em Maringá por cem dias, por desacatar um juiz eleitoral. Ele ficara inconformado porque sua mulher, Maria Dalva, conhecida como Tuco, havia ficado em quarto lugar como candidata a prefeita de Nova Esperança.

COLABOROU: Ana Paula de Carvalho, especial para O GLOBO