Título: Acusação de tráfico de influência vem desde 2005
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 06/06/2007, O País, p. 8

Vavá já foi acusado de usar o nome do irmão para fazer lobby e por vazar informações sigilosas do governo

SÃO PAULO. Indiciado por tráfico de influência e exploração de prestígio, o servidor municipal aposentado Genival Inácio da Silva, o Vavá, de 66 anos, tem sido um incômodo para o irmão presidente da República desde 2005. Na época, ele montou um escritório no centro de São Bernardo do Campo, onde recebia empresários sempre na condição de "irmão do Lula".

Se valendo do parentesco com o presidente, Vavá tentou, sem sucesso, intermediar pedidos de empresários interessados em fazer negócios com o governo na Caixa Econômica Federal e Secretaria Geral da Presidência. Ele sempre negou as acusações de fazer lobby e diz que o escritório era uma agência de viagens e banca de advocacia pertencente a dois amigos.

A denúncia, publicada pela revista "Veja", provocou três pedidos (arquivados) de CPI. Lula teria lhe dado um puxão de orelhas:

-Você não pode fazer isso.

No ano passado o nome de Vavá voltou a circular, agora na CPI dos Bingos. Quando o caso veio à tona, a oposição tentou criar outra CPI, engavetada pelo governo.

No início deste ano, Vavá foi notícia de novo. Ele foi citado por três testemunhas em um inquérito que apura suposto vazamento de informações privilegiadas ao Riviera Group, um conglomerado que atua nas áreas de turismo, imóveis e energia no litoral paulista.

Segundo o inquérito, o Riviera Group, liderado pelo empresário Emídio Mendes, comprou centenas de terrenos no trajeto de um gasoduto da Petrobras na região pouco antes do início da obra. Com isso, será o beneficiário de indenizações vitalícias pagas pela empresa. A informação era sigilosa. Meses antes, Vavá ciceroneou Mendes em encontros com o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, e à sede da Petrobras, no Rio.

Apesar do histórico de denúncias, Vavá nunca havia sido investigado formalmente. Ele nega as denúncias.

- A única fonte de renda do Vavá é a aposentadoria - afirmou o advogado Benedicto de Tolosa Filho.

Segundo o filho de Vavá, Edison Inácio da Silva, seu pai e o presidente não se falam desde o Natal passado.