Título: Manifestantes fazem contracúpula
Autor: Fernandes, Diana
Fonte: O Globo, 06/06/2007, Economia, p. 32
Objetivo é atrapalhar reunião do G-8. Subsídios agrícolas são criticados.
BERLIM, HEILIGENDAMM e ROSTOCK, Alemanha. Manifestantes antiglobalização deram início ontem a uma contracúpula, para fazer frente à reunião do G-8 (grupo dos sete países mais industrializados e a Rússia), que começa hoje. Os participantes da contracúpula, que incluem ONGs como Greenpeace, Oxfam e Attac, fizeram acusações à União Européia (UE) e aos Estados Unidos.
Na abertura da cúpula, em Rostock, o relator especial da ONU para Direito à Alimentação, Jean Ziegler, afirmou que os subsídios agrícolas europeus contribuem para a fome e a pobreza no mundo. A contracúpula termina amanhã, com uma mesa-redonda sob o tema "Há alternativas".
Os manifestantes estão proibidos de entrar no balneário de Heiligendamm, que sedia a cúpula do G-8. Ontem, cerca de 4.500 pessoas estavam acampadas nos arredores de Rostock - todos dispostos a atrapalhar a reunião do G-8. Para mostrar sua seriedade, foram proibidas bebidas alcoólicas no local.
- Viemos para cá por um motivo: atrapalhar os eventos e mostrar de que há resistência ao G-8 - disse a estudante inglesa Joanna Smith.
A violência que marcou as manifestações até agora foi condenada pelos líderes das ONGs, mas muitos participantes acusaram a polícia de ter adotado uma postura de provocação.
- Buscamos o confronto pelas palavras, não a pedradas - afirmou Karsten Smid, do Greenpeace.
Um dos manifestantes, identificado apenas como Hans Jürgens S., foi condenado ontem a dez meses de prisão por atirar pedras em policiais no sábado.
Ontem o presidente americano, George W. Bush, chegou a Berlim, vindo de Praga. Em uma conferência sobre Democracia e Segurança, ele fez críticas ao presidente russo, Vladimir Putin, por falhas na condução do processo democrático. Para analistas, isso pode levar à reunião do G-8 - inicialmente focada no aquecimento global - um clima de Guerra Fria.