Título: Criada Bolsa Floresta
Autor: Jansen, Roberta
Fonte: O Globo, 06/06/2007, Ciência, p. 39

Morador de áreas preservadas no Amazonas receberá dinheiro para não desmatar.

O governador do Amazonas, Eduardo Braga, sancionou ontem, Dia Mundial do Meio Ambiente, uma lei sobre Mudanças Climáticas e Preservação Ambiental que cria um mecanismo inédito para manter as Unidades de Conservação da Floresta Amazônica no Estado preservadas: o Bolsa Floresta. A idéia é que cada uma das 8.500 famílias cadastradas que hoje vivem dentro das Unidades de Conservação recebam R$ 50 por mês para não derrubar a floresta. Atualmente, as unidades reúnem 17 milhões de hectares de floresta no estado.

- O Bolsa Floresta é uma ajuda financeira que pressupõe a prestação do serviço de redução do desmatamento no entorno das unidades. E a meta é termos desmatamento zero nas áreas protegidas. Estamos dando um valor econômico à floresta explicou o governador. - A idéia é financiar também o monitoramento, fiscalização e ações de sustentabilidade.

Para financiar a ação, a lei sancionada cria um fundo que captará recursos junto a iniciativa privada, ONGs e entidades governamentais nacionais e internacionais. Pelas contas do governador, o fundo precisa ter R$ 600 milhões para ser auto-sustentáve1.

Fiscalização via satélite

¿ o objetivo é que o programa beneficie 60 mil famílias até 2010. Mas ele espera poder começar a pagar o benefício em breve, tão logo o fundo conte com verbas suficientes para as 8.500 famílias já cadastradas. Segundo o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, Virgílio Viana, o governo se prepara para detalhar o funcionamento operacional do fundo já nas próximas semanas.

Para saber se as famílias beneficiadas estão, de fato, cumprindo sua parte no acordo, o governador informou que a fiscalização via satélite será fundamental.

- Estamos também firmando um convênio com o lnpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para a criação de um índice de monitoramento de variação da biomassa em cada uma das unidades de conservação afirmou Braga.

"Falso dilema" no .Dia do Meio Ambiente

Ministra Marina Silva diz que não há como opor desenvolvimento e conservação

Chico de Gois*

¿ BRASILIA. No Dia Mundial do Meio Ambiente, e envolvida em uma disputa interna com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, por conta de liberações ambientais para obras contidas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, considerou como um "falso dilema" as questões envolvendo o meio ambiente e o desenvolvimento.

- Eu trato como falso dilema porque se continuarmos com essa visão de opor desenvolvimento à conservação não chegaremos a lugar algum já que não haverá lugar para chegar - discursou a ministra durante solenidade no Palácio do Planalto.

A frase de Marina foi considerada uma indireta a Dilma, que não estava na cerimônia. No entanto, em entrevista coletiva após a solenidade, Marina negou que seu discurso tivesse como endereço sua colega de ministério.

- Não dei recado a ninguém. Estamos trabalhando no governo, ao longo de quatro anos, para resolver a equação desenvolvimento e conservação - explicou.

A ministra considerou que o mundo irá atravessar este século discutindo a dualidade entre meio ambiente e desenvolvimento. E disse que se os países não levarem em conta questões ambientais, não haverá desenvolvimento.

- Temos de ter criatividade para ultrapassar esses limites.

Em Brasília, um grupo de ambientalistas, liderados pela ONG WWF, fez uma manifestação na Esplanada dos Ministérios para alertar a população, as empresas e os governos sobre as mudanças climáticas que estão ocorrendo no planeta por causa da poluição e do efeito estufa .

Os ambientalistas espalharam seis mil balões no gramado da Esplanada, em frente ao Congresso, para representar as seis milhões de toneladas de CO2 despejadas no ar diariamente no Brasil.

Gregos são os mais preocupados com as mudanças climáticas

Segundo uma pesquisa da Universidade de Oxford, na Inglaterra, divulgada no site da BBC Brasil, os brasileiros estão em terceiro lugar entre os povos cuja preocupação com o aquecimento global mais cresceu nos últimos seis meses. O percentual da população brasileira que considera o aquecimento global sua maior preocupação mais do que triplicou no período (de 7% a 24%), enquanto no mundo ela pouco mais que dobrou.

O estudo indica que os gregos são o povo mais preocupado do mundo com o aquecimento global. Depois vêm canadenses, brasileiros e belgas. A pesquisa, realizada com 26.486 usuários da internet em 47 países, também mostra que 42% dos consumidores querem que os governos imponham restrições às emissões de dióxido de carbono e outros poluentes. -

"Com Custava Miranda e agências internacionais