Título: Defesa já tinha sido feita da cadeira de presidente
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 07/06/2007, O País, p. 3

Alguns senadores defendem afastamento.

BRASÍLIA. Ao se defender pela primeira vez das denúncias de que um lobista da empreiteira Mendes Júnior teria pagado despesas pessoais suas, Renan Calheiros o fez do plenário, sentado na cadeira de presidente do Senado. Ontem, após a notícia de que o Conselho de Ética decidira abrir processo de quebra de decoro contra ele, afirmou que não pretende se afastar do cargo. Mesmo réu, vai responder à investigação no cargo de presidente do Senado. Os senadores Jefferson Péres (PDT-AM) e Pedro Simon (PMDB-RS) defendem, desde a semana passada, o afastamento do cargo como a melhor alternativa para evitar constrangimentos na Casa.

Renan, contudo, não pretende seguir os passos de outros colegas, como o atual deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), que preferiu renunciar ao mandato, e conseqüentemente ao comando do Senado, em vez de enfrentar uma ação no Conselho de Ética. O ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PP-PE) também optou pela renúncia do cargo e do mandato para fugir de uma eventual cassação e do risco de perder os direitos políticos por oito anos. Talvez tenha sido determinante para Renan ficar no cargo o fato de estar convencido de que o Conselho, por um acordo entre os partidos, tenta a absolvê-lo, como já afirmou o próprio corregedor, senador Romeu Tuma.

- Estou inteiramente à disposição do Senado. Represento a instituição e vou continuar representando. No final, a verdade vai preponderar - reiterou ontem Renan, apesar de o Conselho estar vinculado à presidência da Casa.

Jefferson Peres, porém, manteve sua recomendação:

- O melhor é que Renan tivesse se afastado ainda que temporariamente.

Nem todos concordam com essa opinião. O senador Edison Lobão (DEM-MA), por exemplo, defendeu a permanência de Renan no cargo, argumentando que ele até agora não fez qualquer gesto para impedir a abertura do processo.

- Constrangimento maior seria ele sair e voltar. Não vejo constrangimento no fato de ele permanecer no comando da instituição. Tenho certeza de que cada conselheiro vai votar de acordo com suas convicções e não precisará sequer se esconder atrás do voto secreto - disse Lobão.

Suplente do Conselho de Ética, o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) também não vê problemas em se manifestar sobre o processo só porque Renan continua na presidência do Senado.