Título: Legalização de bingos está fora da pauta do governo
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 07/06/2007, O País, p. 8
Mares Guia diz que não há intenção de enviar qualquer projeto ao Congresso.
BRASÍLIA. O governo resiste em mandar ao Congresso qualquer proposta que legalize os jogos de bingo no país. Ontem, durante café da manhã com jornalistas, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, reafirmou que o Palácio do Planalto não tomará qualquer atitude nesse sentido:
- O governo não vai mandar qualquer projeto ao Congresso para legalizar a atividade.
Indagado se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é contra os bingos, Walfrido foi reticente:
- Ele é contra a situação que está aí.
Semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por meio de súmula vinculante (o que obriga os demais tribunais a seguirem sua orientação), que somente a União tem competência para legislar sobre o assunto. Foi intenso o lobby para que os estados também pudessem legislar sobre jogos, mas isso foi vetado pelo STF.
As operações Furacão e, nesta semana, Xeque-Mate prenderam pessoas envolvidas com bingos e máquinas caça-níqueis. O irmão do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá, teve a casa vasculhada pela Polícia Federal, em busca de documentos que pudessem demonstrar que ele fazia tráfico de influência.
Em Nova Délhi, na Índia, Lula disse, logo após a divulgação da Operação Xeque-Mate, ser contra os bingos:
- Sou a favor de não ter bingo. Já fiz uma MP para acabar com os bingos, porque eu estava convencido naquele instante das informações que recebia da própria Polícia Federal, de que o bingo era utilizado como lavagem de dinheiro. Agora, dizem que tem uma diferença, que uma coisa é o bingo, onde vão as mulheres, as velhinhas jogar; e outra coisa são as máquinas, parece que ali é que há distorção. De qualquer forma, acho que o Congresso pode regulamentar, proibindo ou não proibindo - disse Lula.
Ontem, Mares Guia saiu em defesa do irmão de Lula, como fizera, na véspera, o presidente em exercício, José Alencar.
- Indiciamento não é nada. É só indício, não prova.