Título: Amigos se reuniam em casa de praia
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 07/06/2007, O País, p. 8

CAMPO GRANDE. Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva; Nilton Cezar Servo, apontado como chefe de uma quadrilha de caça-níqueis; e Dario Morelli Filho, compadre do presidente, costumavam se reunir em uma casa de praia em Caraguatatuba, litoral paulista. Eles já se encontraram dezenas de vezes, afirmou o advogado de Servo, Eldes Rodrigues. Segundo o advogado, eles apenas confraternizavam. O último encontro teria ocorrido em fevereiro.

Os três teriam se conhecido no meio sindical e político. Servo, que vem se candidatando a cargos públicos desde o início da década de 80, foi um entusiasta da primeira campanha eleitoral vitoriosa do presidente Lula, em 2002, segundo Rodrigues. Ele disse que Vavá conhece Servo há dez anos.

Pecuarista e dono de casas de caça-níqueis em vários estados, Servo alega que vive com os bens da família: duas fazendas, uma delas em Brasília, e uma empresa de turismo em Bonito (MS). Afirma que não tem mais bingos nem casas de jogos de azar. Em declaração de renda que enviou à Justiça Eleitoral em 2004, para ser candidato pelo PSB, Servo dizia ter apenas dois bens: R$500 mil em jóias e R$500 mil em dinheiro vivo.

Servo ia sempre a Caraguatatuba e São Bernardo do Campo, onde Vavá e Morelli moram. Morelli, que fazia segurança para as campanhas petistas, teria conhecido Servo numa campanha eleitoral do PT.

A PF investiga uma suposta sociedade entre Morelli e Servo, no bingo Deck Video Bingo, em Ilhabela (SP). A empresa estaria em nome de uma terceira pessoa, cujo nome é mantido em sigilo. De acordo com os advogados de ambos, não existe essa ligação:

- Dario (Morelli) e Nilton Cezar (Servo) são amigos, mas nunca tiveram sociedade - afirmou o advogado de Morelli, Milton Fernando Talzi.

Servo é suspeito de comandar um esquema do qual participavam cinco quadrilhas, compostas também por policiais e políticos de seis estados.

A PF aprendeu ontem, em Campo Grande, 15 máquinas caça-níqueis numa casa de bingo de Victor Emanuel Servo, filho de Nilton Cezar Servo. Além das máquinas, foram apreendidos documentos que apontam um lucro diário de R$15 mil com as máquinas, de acordo com a PF. Em todas as casas de caça-níqueis da quadrilha chefiada por Servo, segundo a PF, era movimentada uma pequena fortuna: R$250 mil diários.

A PF também apreendeu ontem máquinas caça-níqueis no bingo que pertenceria a Servo e Morelli, em Ilhabela. (Soraya Aggege)