Título: G-8 quer cooperação econômica com emergentes como Brasil e China
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 08/06/2007, Economia, p. 22

Grupo vai debater combate à pirataria com 5 nações em desenvolvimento.

BERLIM e HEILIGENDAMM. No segundo dia da cúpula, os membros do G-8 (grupo dos países mais ricos do mundo e a Rússia) afirmaram ontem querer uma maior cooperação com os países em desenvolvimento, reconhecendo que não é mais possível conduzir a economia global sem a participação de Brasil, China e Índia. O G-8 também quer fechar um acordo com cinco nações emergentes - China, Índia, Brasil, México e África do Sul - para combater a pirataria e proteger a propriedade intelectual.

"Faremos um esforço para conseguir, em nível mundial, um contexto econômico e político que fomente e proteja as inovações", afirma o documento "Crescimento e responsabilidade na economia mundial", aprovado ontem pelos líderes do G-8 (Alemanha, Canadá, EUA, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia). A declaração ressalta que são necessárias medidas concretas urgentes para fazer frente à pirataria e reduzir a demanda por produtos falsificados.

Cúpula deve anunciar hoje US$60 bi para África

Com relação à cooperação com os cinco emergentes, o G-8 fará uma experiência de dois anos, que incluirá eficiência energética e políticas de desenvolvimento, voltadas especialmente para a África.

O continente mais pobre do mundo será o foco das atenções do G-8 hoje, que deve anunciar uma ajuda de US$60 bilhões para combater a Aids e outras doenças na África, com a presença dos chefes de Estado de seis países africanos.

- Os líderes do G-8 têm apenas 24 horas para restaurar a fé numa promessa que representa vida ou morte para milhões de pessoas - disse Steve Cockburn, coordenador da campanha Parem a Aids.

Em 2005, na cúpula realizada na Escócia, o G-8 se comprometeu a dobrar a ajuda financeira à África até 2010.

"Sacrifício tem de ser proporcional à riqueza"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai bater duro contra os subsídios agrícolas, num almoço que vai reunir hoje o G-8 (grupo dos sete países ricos mais a Rússia) e os emergentes reunidos no chamado G-5: Brasil, México, Índia, China e África do Sul.

- Os países ricos precisam compreender que é descabida a idéia de que os países que têm muito dinheiro podem fazer os subsídios internos na sua agricultura em detrimento da competitividade dos países pobres e em desenvolvimento - afirmou o presidente.

Lula disse que o Brasil e seus colegas do G-20 - que reúne, entre outros, China e Índia - estão dispostos a flexibilizar suas posições. Em troca de os emergentes abrirem seus mercados para os produtos industrializados, os países ricos têm de permitir a entrada de itens agrícolas das nações em desenvolvimento. Só não se pode exigir, disse Lula, que o Brasil abra seu mercado na mesma proporção:

- O sacrifício tem de ser proporcional à riqueza dos países e ao tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) deles. Não peçam para os países pobres fazerem o sacrifício dos ricos, porque só o fato de ser pobre já é um sacrifício maior do que o dos países ricos.

Lula também defendeu veementemente a Rodada de Doha, da Organização Mundial de Comércio (OMC), que prevê a liberalização do comércio. Já o presidente americano, George W. Bush, afirmou que será muito difícil garantir um acordo.

(*) Com agências internacionais