Título: Acusado de chefiar quadrilha disse à Polícia Federal que deu dinheiro a Vavá
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 09/06/2007, O País, p. 4

Segundo Servo, ele receberia valores que variavam entre R$2 mil e R$3 mil.

CAMPO GRANDE. Acusado de ser o chefe de uma das quadrilhas presas pela Operação Xeque-Mate, da Polícia Federal, o ex-deputado do Paraná Nilton Cezar Servo (PSB) disse em seu depoimento à PF que entregou dinheiro ao irmão mais velho do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá, indiciado por tráfico de influência e exploração de prestígio. Servo disse, no entanto, que se tratavam apenas de empréstimos. Os valores variariam entre R$2 mil e R$3 mil, segundo a PF.

- Ele não soube explicar como seria devolvido o dinheiro dos empréstimos, o que é curioso - disse uma fonte da Polícia Federal.

Apesar das declarações de Servo, a PF não marcou novo depoimento de Vavá. Ontem, a família de Vavá contratou o advogado Nelson Alfonso, de Campo Grande. Alfonso disse que ainda não tinha conhecimento das denúncias para se pronunciar.

Servo não teria sido convincente ao negar a suposta sociedade com Dario Morelli na Deck Vídeo Bingo, em Ilhabela. Como O GLOBO revelou ontem, Morelli, preso em Campo Grande, admitiu que recebia R$1.500 por mês para atuar como gerente financeiro da casa de bingos. Após um período, ele passaria a receber mais 20% dos negócios. Morelli é compadre de Lula.

Morelli confirmou que Renato Costacurta Prata, outro preso, recebia R$1 mil por mês para deixar o bingo em seu nome. Anteontem, foram apreendidas 23 máquinas caça-níqueis da casa em Ilhabela, levadas ontem para a PF em Campo Grande.

Um dos presos, André Cunha, ex-gerente de Servo em uma casa de jogos em Campo Grande, aceitou a delação premiada e dará novo depoimento.

O advogado da família de Servo, Eldes Rodrigues, disse que seu cliente falou com o presidente Lula apenas em 2003, para pedir que o bingo fosse regularizado. Segundo o advogado, Vavá não fazia lobby para Servo e não tinha acesso direto ao Palácio do Planalto. A PF confirmou que não encontrou indícios de que Vavá tenha cumprido suas promessas de lobby feitas ao dono de casas de caça-níqueis.

COLABORARAM: Lincoln Macário, da Rádio CBN, e Nadyenka Castro, Especial para O GLOBO