Título: Diretor do FMI elogia economia do Brasil e defende valorização do real
Autor: Berlinck, Deborah e Magalhães-Ruether, Graça
Fonte: O Globo, 09/06/2007, Economia, p. 28

Titular do Fundo diz que onda de fusões representa risco para economia.

HEILIGENDAMM, Alemanha. O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, defendeu ontem o real forte, argumentando que isso representa uma boa chance de o Brasil melhorar sua competitividade e baixar os juros.

- É uma boa oportunidade para o Brasil, permitindo a queda de juros. Possibilita ainda que faça reformas para se tornar mais competitivo. Estamos orgulhosos do Brasil e de como conseguiu fortalecer e estabilizar sua economia - disse.

O real forte é o principal alvo do empresariado brasileiro, que se queixa de estar perdendo competitividade nos mercados externo e interno, já que encarece a exportação e barateia o produto importado. O presidente Lula já falou várias vezes que não vai mudar a política cambial. O câmbio é flutuante, insiste o governo, e os setores precisam buscar competitividade de outra forma.

Em maio, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu elevar a tarifa de importação para vestuário e calçados, em parte para dificultar a concorrência de produtos chineses no mercado interno.

Ativistas fazem passeata no último dia da cúpula

Em entrevista ontem, na reunião do G-8 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo e a Rússia), De Rato também alertou para o risco de alta da inflação nos países industrializados. Ele defendeu que essas nações aumentem suas taxas de juros:

- Os bancos centrais estão certos em agir de uma maneira preventiva para conter pressões inflacionárias. Bancos centrais precisam estar vigilantes. Senão, podem perder credibilidade, o que seria um perigo.

De Rato chamou atenção para os altos preços de energia e commodities e insistiu que os bancos centrais não podem perder a credibilidade no combate à inflação.

- Precisamos estar atentos. Há pressões no aumento de preços de alimentos e commodities - afirmou.

De Rato criticou a onda de fusões de grandes corporações, alertando que isso pode gerar um movimento de formação de grandes dívidas. Assim, uma elevação da taxa de juros representaria um risco à estabilidade financeira das empresas.

- Isso não significa dizer que fusões não são boas. Mas eu acho que os (órgãos) reguladores precisam ficar atentos - afirmou.

Em Rostock, ativistas antiglobalização fizeram uma grande manifestação contra o G-8. Cerca de quatro mil deles conseguiram ocupar a estrada para Heiligendamm, sede da reunião.

(*) Enviadas especiais, com agências internacionais