Título: A PF e Tarso Genro
Autor: O Globo
Fonte: O Globo, 10/06/2007, O Globo, p. 2

As sucessivas operações da Polícia Federal e a prisão, com autorização judicial, de dezenas de suspeitos de cometerem crimes têm provocado frisson no mundo político. Parlamentares do governo e da oposição criticam excessos e acusam o governo Lula e o ministro da Justiça, Tarso Genro, ora de não terem o controle da Polícia Federal ora de a terem transformado em polícia política.

Quando os presos e os suspeitos têm vínculos com a oposição, o governo Lula é acusado de possuir uma polícia política. A acusação não é nova e já foi feita a outros governos democráticos. Foi o que ocorreu em 2002, contra o governo Fernando Henrique, devido à operação Lunus. Quando os presos e suspeitos são ligados às forças governistas, o ministro da Justiça é criticado por não controlar a Polícia Federal. Para Tarso Genro, essas críticas são respeitáveis e também equivocadas.

- Quem acha que o governo deve ter o controle da Polícia Federal tem uma visão aparelhista. A polícia tem funções e atribuições determinadas por lei, e suas ações são tuteladas pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público. O controle do governo é apenas institucional, administrativo - diz Tarso Genro.

Para o ministro, acatar algumas das críticas à falta de controle, se levadas ao pé da letra, resultariam na prática do crime de obstruir a ação policial e o trabalho da Justiça. Ele admite que, eventualmente, algum excesso possa ter sido cometido, mas diz que, se isso tiver ocorrido, será objeto de correção administrativa e judicial. Em decorrência da busca e apreensão na casa do irmão do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá, chegou-se a dizer que a polícia não deveria desencadear operações durante sua ausência do país.

- Quem determina a hora da ação da Polícia Federal é o juiz e a promotoria. Um ministro cometeria uma ilegalidade brutal, uma arbitrariedade digna da época do regime militar, se tentasse determinar a hora das operações - afirma Tarso.

A despeito do constrangimento provocado pelo indiciamento de Vavá, e do uso que disso fazem seus adversários no PT e na oposição, o ministro elogia a ação da Polícia Federal. Diz que o inquérito policial ficou mais qualificado pelo uso cada vez maior dos meios tecnológicos e do trabalho de inteligência. E lembra que, ao contrário de passado ainda recente, a confissão, conseguida ao arrepio dos direitos humanos, não é mais a base para a abertura dos inquéritos.