Título: TCU: fraudes em contratos da Gautama
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 10/06/2007, O País, p. 10

Em obra, empresa teria recebido a mais R$1,5 milhão.

BRASÍLIA. A varredura em andamento nos contratos da Gautama com governos e empresas públicas começam a revelar os artifícios usados pela empreiteira de Zuleido Veras para vencer licitações, superfaturar obras e receber dinheiro público por serviços que nunca foram realizados. O leque de fraudes é variado e, segundo as equipes técnicas debruçadas sobre a extensa papelada, a Gautama buscava tirar vantagens nos mais variados itens dos contratos que ganhava, da alimentação dos operários ao material utilizado em importantes obras de infra-estrutura.

Alguns exemplos são emblemáticos. Durante auditoria realizada em obras da Gautama na base da Petrobras na Bacia do Rio Solimões, no Amazonas, técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) desconfiaram do aumento nos gastos com mão-de-obra, que elevaram o valor do contrato.

Técnicos vêem contradição entre trechos da defesa

A empresa argumentou que o TCU não levou em conta as despesas com horas extras e com o trabalho noturno dos operários. Mas caiu em contradição ao afirmar, em outro ponto de sua defesa, que "a infestação de insetos força a paralisação de qualquer atividade às 18h".

Nesta obra, a Gautama é acusada pelo TCU de ter recebido indevidamente cerca de R$1,5 milhão da Petrobras. O valor é o resultado da "economia" feita pela empresa ao trocar, por conta própria, o material usado na drenagem de uma estrada que liga a base aos poços de extração de gás e ao Porto de Urucu. De acordo com o relatório, a tubulação que evitaria o alagamento das pistas, que, pelo contrato, deveria ser de concreto, foi feita com tubos de PVC.

- A empresa usou tubos de plástico, como os que são instalados em casa. Mas recebeu o pagamento como se tivesse usado concreto - comentou um fiscal que participou da auditoria do tribunal.

Petrobras terá de reter R$1,82 milhão

Essas e outras irregularidades levaram os ministros do TCU a determinarem que a Petrobras retenha definitivamente R$1,82 milhão que deveria ser pago à Gautama.