Título: São Paulo espera três milhões na Parada Gay
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 10/06/2007, O País, p. 15

Manifestação do Orgulho GLBT na Avenida Paulista vai pedir fim do racismo, do machismo e da homofobia.

SÃO PAULO. A cidade de São Paulo estará hoje embalada ao som de música eletrônica disparada pelos 23 trios elétricos que acompanharão a 11ª Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros (GLBT). A organização do evento espera reunir três milhões de pessoas entre a Avenida Paulista e a Rua da Consolação, principais pontos da manifestação que, este ano, pede o fim do racismo, do machismo e da homofobia. No ano passado, segundo a Polícia Militar, dois milhões de pessoas participaram do ato.

- Somos a maior parada do mundo pelo terceiro ano consecutivo - comemora o presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT, Nelson Mathias.

A parada de Nova York, no ano passado, juntou cerca de 1,5 milhão de integrantes na 5ªAvenida. No Rio, em 2006, o movimento reuniu 800 mil participantes na Praia de Copacabana.

Em São Paulo, a Parada Gay começa a receber investimento de peso. Com o patrocínio de empresas como Caixa Econômica Federal e Petrobras, além de recursos injetados pelo governo federal - através dos ministérios do Turismo e do Esporte -, o evento terá investimento de R$1,2 milhão.

Organizadores reclamam de falta de investimento privado

Embora este seja o ano de maiores recursos desde a primeira vez em que a parada foi realizada, em 1997, os organizadores se ressentem da falta de incentivo de empresas privadas. Mesmo levando em conta que a mídia espontânea nos mais variados veículos de comunicação tenha significado receita de R$65 milhões, segundo estimativa dos organizadores a partir de levantamento feito com a publicidade do evento em 2005.

- Ainda há muito preconceito, pelo qual estamos lutando contra. Mas é incrível que os empresários não enxerguem a parada nem como uma oportunidade de mercado - diz Mathias.

Violência atingiu 67% dos que foram à parada ano passado

Paralelo às reivindicações, a organização luta contra outro problema: a violência contra os homossexuais. Pesquisa realizada pela associação, com apoio da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência, mostra que 67% do público de dois milhões que foram à parada ano passado já sofreram algum tipo de discriminação. Desse universo, 59% disseram terem sido agredidos, sendo que 54% desse total não relataram a ninguém a ocorrência.

- Fica claro que esse grupo é mais vulnerável, e que precisam ser desenhadas políticas específicas para garantir os direitos dessa parcela da população - disse o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos.

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