Título: Empresas: dados estão nos sites e na CVM
Autor: Almeida, Cássia e Melo, Liana
Fonte: O Globo, 10/06/2007, Economia, p. 36

Petrobras diz que seu passivo ambiental "é irrelevante".

As informações das empresas brasileiras com papéis negociados na Bolsa de Valores de Nova York sobre questões ambientais - fornecidas ao mercado americano - também estão disponíveis, em português, na Comissão de Valores Imobiliários (CVM) e nos sites das companhias. Essa é a alegação do setor privado para rebater a assimetria de dados prestados no Brasil e nos EUA.

- A legislação brasileira e a americana são diferentes. Por isso, estamos preocupados em dar informação no mesmo nível no Brasil. Está na CVM nosso relatório americano em português - diz Murilo Percia, gerente de Controladoria da Aracruz Celulose, frisando que não há passivo a ser reportado no balanço.

A Cemig e a CPFL dão a mesma explicação. Já a Petrobras afirma que o passivo ambiental provocado por sua atividade e pelos vazamentos não tem impacto na operação.

- Não declaramos passivo ambiental porque ele é irrelevante para os negócios - diz Ricardo Azevedo, gerente-executivo de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da estatal.

A empresa vem tentando na Justiça derrubar uma das maiores indenizações por danos ambientais já dadas no país: R$1,1 bilhão. O acidente ocorreu em 2000, quando 1,3 milhão de litros de óleo vazou da Refinaria de Duque de Caxias (Reduc) para a Baía de Guanabara. Cerca de 12 mil pescadores brigam pela indenização há sete anos.

A Petrobras não declara seu passivo, apesar de estar mapeando áreas contaminadas. O diagnóstico chegou a 1.140 hectares, área igual a 1.300 Maracanãs - o número é histórico, acumulado durante os 54 anos de existência da Petrobras. A Copel também não declara, mas por pressão externa mudou de estratégia. Seu presidente, Rubens Ghilardi, assinou semana passada protocolo para adequar a empresa à Lei Sarbanes-Oxley, criada após os escândalos da Worldcom e da Enron, em 2002, nos EUA.

- A empresa precisa lidar com seus impactos ambientais para evitar que eles virem passivo - diz Maurício Reis, diretor de Gestão Ambiental e Territorial da Vale do Rio Doce.

Chega a R$1,4 bilhão a provisão no balanço da Vale para recuperar minas desativadas.

A Gerdau respondeu que informa em seu balanço, no Brasil e nos EUA, como obrigações de longo prazo, R$76,724 milhões para "tratamento e limpeza das localidades potencialmente impactadas". A Ultrapar disse que publica no site da CVM e em seu portal todas as informações dadas às bolsas estrangeiras, e acrescenta que não tem passivo. A CSN afirmou que, em 2006, investiu R$237 milhões em projetos ambientais. A Braskem e a VCP não se pronunciaram. (L.M. e C.A.)